Há quase uma década, pesquisadores do Instituto Ornitológico Suíço anexaram etiquetas eletrônicas que registram o movimento em seis aves migratórias conhecidas como andorinhões-reais. O objetivo da pesquisa era compreender melhor as demandas de energia durante a migração. Quando coletaram as etiquetas um ano depois, eles ficaram surpresos ao perceber que estas pequenas aves podem voar durante seis meses sem nenhuma pausa.
Um ano após colocarem as etiquetas nas aves, quando três dos animais voltaram ao mesmo local de reprodução, os cientistas removeram suas etiquetas. Ao coletar os dados, as etiquetas eletrônicas revelaram que durante o período de não criação na África, as pequenas aves estavam sempre no ar, durante seis meses consecutivos. Um estudo que relata esta proeza foi publicado na Nature Communications.
Falha do equipamento?
A coleta destes dado só foi possível devido aos minúsculos sensores desenvolvidos pela Universidade de Berna. O tamanho minúsculo permitiu aos pesquisadores anexá-lo a aves pequenas sem interferir em seu movimento. As etiquetas coletavam apenas dados essenciais como aceleração, o tom do corpo da ave (o ângulo do corpo em relação ao solo) e a luz atingindo a ave a qualquer momento. A partir deste último, os cientistas foram capazes de inferir a latitude, devido ao tempo do nascer e do pôr do Sol.
Os chips revelaram que as aves estiveram voando durante mais de 200 dias seguidos. Entretanto as etiquetas coletam dados a cada quatro minutos, o que significa que se as aves fizessem uma pausa entre o intervalo de tempo de 240 segundos, o equipamento não seria capaz de registrar o ocorrido. A possibilidade de isto acontecer é baixa, mas deve ser considerada.
Pesquisadores já especularam anteriormente que esta espécie de era capaz de permanecer em voo por períodos extremamente longos, mas esta é primeira fez que um estudo coleta dados concretos.
Como estas aves voam seis meses sem parar?
Ainda não está claro como os andorinhões-reais podem realizar esse feito. Sabe-se que, durante os voos, eles se alimentam principalmente de insetos no ar, mas até o momento não se sabe se estas aves poderiam também dormir no ar. A dificuldade de estudar as ondas cerebrais das aves migratórias torna muito difícil entender como elas descansam enquanto estão em movimento. Mas o fato de esses movimentos nunca sessarem por completo indica que eles podem descansar no ar.
Graças a uma nova tecnologia desenvolvida na Universidade de Berna, pesquisadores do mundo todo poderão marcar outros tipos de aves que são pequenas demais para sensores convencionais. Isto poderá revelar coisas fascinantes sobre seus hábitos de movimento ou migração.
