Em 2022, um caso ficou marcado pela conclusão das investigações da polícia de que a morte de um bebê engasgado por uma maçã foi negligência dos funcionários da creche, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. A médica que assinou o atestado de óbito da criança de um ano também foi indiciada.
O caso levantou críticas em relação ao preparo de funcionários de creches – ou à falta dele. É importante que funcionários que trabalhem com crianças recebam um bom treinamento de primeiros socorros, como por exemplo, a Manobra de Heimlich, onde uma pressão aplicada com a mão no diafragma da vítima, ajuda no desengasgo.
Por isso, quem lida com crianças, seja no âmbito profissional, seja em casa (como pais de crianças pequenas), devem saber identificar os sinais de engasgos e como proceder durante um acidente assim.
“É importante identificar os sinais de engasgo. O bebê fica arroxeado, não consegue emitir sons, fica paralisado e faz uma cara de desespero. No caso de um engasgo parcial, pode haver uma crise de tosse. Identificados esses sintomas, ele precisa de ajuda imediata”, disse à revista Visão Hospitalar a Dra. Ana Jannuzzi, que possui pós graduada em Pediatria.
A médica ainda explica que se desesperar, soprar ou chacoalhar a criança não ajudará em nada.
“Não adianta soprar o bebê, colocar os braços dele para cima ou gritar com a criança. Isso tudo só piora a situação e você perde tempo”, explica Jannuzzi.
15 bebês morrem engasgados por dia
Um estudo publicado em 2021 revelou que 41,8% das mães disseram não reconhecer uma crise de tosse como sintomas de engasgo.
Outro dado importante é o de que em mais de um terço das mortes de bebês por engasgo ocorreram na casa da família.
15 bebês morrem engasgados todos os dias, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Em 2010, um estudo da SBP mostrou que metade das mortes de recém nascidos ocorre em recém nascidos de baixo risco, e um dos principais motivos é o engasgo.
Ganhar tempo e pedir socorro
A função dos primeiros socorros não é substitui um atendimento médico. A principal função dos procedimentos de primeiros socorros é ganhar tempo para que a vítima não venha a óbito antes de um atendimento médico.
A doutora Jannuzzi cita, em relação ao caso abordado no início do texto, a demora dos funcionários da creche em encaminhar a bebê para um atendimento médico.
“E sabemos que nesses casos tempo é essencial. No caso da bebê de Petrópolis, o inquérito concluiu que o despreparo da creche e os 11 minutos que demorou para a bebê ser levada a UPA foram decisivos no óbito da criança”, explica a médica.
Essa demora foi um dos motivos pelos quais funcionárias da creche foram indiciadas.
A doutora explica que durante um engasgo, o correto é realizar os primeiros socorros, com as manobras de desengasgo, já a caminho de um Pronto Socorro ou outro local para atendimento médico.
“O primeiro passo é sempre manter a calma e pedir ajuda. Grite. Chame os vizinhos. Avise sobre o engasgo. E comece a realizar a manobra ao passo que você se dirige para um local de saúde. Se você já conhece a manobra, antes mesmo que ocorra algum caso de engasgo, teste o procedimento para ter certeza de que você sabe o que fazer”, instrui a Dra. Jannuzzi
Clique aqui para acessar uma cartilha sobre como proceder durante um engasgo de bebês.
Cuidados na alimentação
À revista Visão Hospitalar, a médica também citou os cuidados que os pais e pessoas próximas à crianças pequenas devem tomar ao alimentar a criança:
“Algumas medidas de proteção contra engasgos são: evitar a introdução alimentar antes dos seis meses da criança, não oferecer alimentos redondos (cortar em quatro pedaços, na vertical), não alimentar a criança.na frente da televisão ou celular, para que ela não se distraia durante a refeição, evitar alimentos muito duros e difíceis de cortar com o dente, ter atenção aos pequenos objetos que podem se soltar e serem levados à boca”.
