Veja um buraco negro devorar uma estrela

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA)
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Buracos negros são ferozes devoradores de matéria e energia. Do horizonte de eventos, nem a luz escapa, mas podemos ver o processo externo no processo de um buraco negro devorar uma estrela.

Os buracos negros são relativamente comuns, mas este é um processo bastante raro. Estima-se que um banquete assim ocorre somente com um buraco negro a cada cem mil anos em toda a galáxia.

Houve, nos últimos dias, uma notícia que rolou pela internet recentemente, referente a um buraco negro tão grande que consome uma quantidade de matéria equivalente a um Sol por dia, o J2157.

A notícia é real, mas não é que uma estrela por dia surge por ali e ele a devora. O buraco negro com uma massa de 40 bilhões de sóis, se alimenta de gases – ou qualquer matéria próxima, de forma que a média diária seja equivalente  a um Sol.

Um vídeo feito recentemente pela NASA e pela Universidade Estadual de Ohio mostra um pouco da beleza que é o disco de acreção – o disco de matéria que se forma em torno do buraco  negro que a engole.

Pode-se dizer, portanto, que foi uma ocasião um tanto especial para os astrônomos, dado o intervalo temporal bastante grande entre os casos onde pode-se observar este tipo de fenômeno.

As observações foram feitas em janeiro de 2019 com um equipamento conhecido como All-Sky Automated Survey for Supernovae (ASAS-SN), pertencente à própria Universidade.

Com os dados obtidos pelo ASAS-SN, a NASA pode gerar um vídeo que mostra a feroz alimentação de um buraco negro. O vídeo foi publicado no youtube em setembro de 2019.

Veja o buraco negro devorar uma estrela:

O buraco negro

É um buraco negro supermassivo, com uma massa equivalente a aproximadamente seis milhões de sóis, localizado na constelação de Volans. O fenômeno ocorreu há muitos milhões de anos, mas a luz só nos alcançou agora. 

O buraco negro, em questão está 375 milhões de anos-luz de distância, e localiza-se no centro da galáxia 2MASX J07001137-6602251, com seus 6,3 milhões de massas solares.

Ele é relativamente maior do que o Sagittarius A * (lê-se Sagittarius A-estrela), o buraco negro no centro da Via Láctea. O Sagittarius A * possui 2 milhões de massas solares a menos, ou seja 4 milhões de massas solares.

A observação

Este tipo de fenômeno, onde uma estrela de aproxima de um buraco negro, é chamado de Evento de perturbação de marés, ou TDE, na sigla para o mesmo termo em inglês.

O TDE ocorreu em um pedaço do céu que coincidiu, na época, com o campo de observação da TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), um satélite da NASA e do MIT utilizado para caçar exoplanetas.

Quando o ASAS-SN estava olhando para a região, notou um sinal, que só poderia ser esse fenômeno. A TESS possuía dados dos oito dias anteriores, e eles puderam verificar o pico inicial de luminosidade.

Depois, eles aindo utilizaram dados do espectrômetro de pesquisa de baixa dispersão 3 (LDSS-3), instrumento da dupla de telescópios Magalhães, localizados no Chile.

A equipe continuou observando o brilho até que pico acabasse, e realizou estudos para conseguir mais detalhes e confirmações com outros equipamentos. Os resultados foram publicados em setembro de 2019 no The Astrophysical Journal.

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