Uma ‘bolha eterna’ durou mais de um ano sem estourar

Lorena Franqueto
Imagem por Alexas_Fotos, disponível no Pixabay.

As bolhas de água e sabão possuem ar no interior e são, geralmente, frágeis e pouco duradouras. Por isso, para quem gosta de fazer bolhazinhas, é muito frustrante vê-las estourando, mesmo com os mais pequenos toques. Mas, em pesquisa recente do Physical Review Fluids, pesquisadores franceses relatam uma ‘bolha eterna’, com duração de mais de um ano.

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Créditos da imagem: ROUX, A. et al, Bolhas perenes e filmes líquidos resistentes à drenagem, evaporação e ruptura induzida por núcleos, Physical Review Fluids, 2022.

A formação das bolhas depende dos conceitos de interações entre moléculas e tensão superficial. Essas interações nada mais são do que forças de atração ou de repulsão entre moléculas. Já a tensão, é um fenômeno físico causado especificamente pelas forças de atração entre moléculas de água, as quais ocorrem em todas as direções.

No entanto, na superfície da água, as moléculas de H20 atraem-se apenas nos lados, porque não há partículas acima, apenas ar. Como consequência dessa atração desigual, há uma contração do líquido e, na superfície da água, aparece uma fina película.

No caso das bolhas, as forças de atração entre as moléculas das laterais é muito alta. Com isso, as partículas buscam um estrutura com menor superfície possível, a esférica. Contudo, uma vez que ocorre a evaporação do líquido (água), as bolhas de sabão perdem a resistência e a película fina sofre um rompimento.

O que tem na ‘bolha eterna’?

Além de água, essas ‘bolhas eternas’ possuem micropartículas de plástico e glicerol, um líquido claro e viscoso, na composição. Assim, as partículas de plástico aderem na água e tornam a película mais resistente e, por fim, o glicerol reduz a evaporação da água, dando menos chance para o rompimento.

O físico Michael Baudoin, da Université de Lille, na França, disse: “Quando descobrimos que a bolha não se rompeu depois de alguns dias, ficamos realmente surpresos”. Dessa forma, ele e os colegas do artigo optaram por avaliar a bolha e quanto tempo a mesma duraria sem estourar.

Em resumo, a ‘bolha eterna’ resistiu por 465 dias, a mais permanência mais longa já existente em condições atmosféricas normais. Segundo os autores, a bolha possuía um raio de 3,7 milímetros e ficou verde momentos antes de se romper. Por isso, a equipe suspeita que microrganismos se instalaram na estrutura e enfraqueceram a bolha.

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