Um gorila realmente passou no mesmo teste cognitivo que Donald Trump se gaba?

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Wikimedia Commons).

As eleições presidenciais dos Estados Unidos se aproximam, e Donald Trump, mais do que nunca, é alvo de massivas piadas, não só nos Estados Unidos, mas por todo o mundo.

Recentemente, o presidente americano e candidato para a reeleição, começou a se gabar de um teste cognitivo no qual ele passou, e começou a desafiar seu principal rival, Joe Biden, para fazê-lo também. 

“Ele [Joe Biden] não pode passar no teste que eu ‘venci’. Ele deveria tentar”, diz o tweet, em tradução livre, onde ele provoca seu rival desafiando sua intelectualidade. Trump ainda diz que o médico está surpreso com o seu sucesso no teste.

A ideia principal piada é: alguém, na internet, disse que o teste cognitivo que Trump tanto se gaba de ter “vencido” foi feito, com sucesso até mesmo por um gorila. Mas isso é verdade?

O gorila passou no teste de Donald Trump? E que teste é esse?

Sem enrolações, não, esse é um mito. Embora a internet tenha cotado a falecida gorila Koko como presidente, ela não foi bem sucedida nesse teste realizado pelo presidente Donald Trump, e provavelmente nenhum gorila poderia, conforme o IFL Science.

Como Trump é um personagem peculiar, que comete diversas gafes, essa não era uma ideia tão maluca assim. Mas esse tweet foi de fato feito para ser apenas viral, e não é real.

O teste, chamado de Montreal Cognitive Assessment  (MoCA), ou Avaliação Cognitiva de Montreal, no português, é, em resumo, uma triagem que possui a função de apurar a existência de alguma forma de comprometimento cognitivo no paciente, como o Mal de Alzheimer. 

Não é, portanto, um teste que indica algum nível de intelectualidade acima da média das outras pessoas. Qualquer mente humana adulta e minimamente saudável deve ser capaz de passar no teste.

O teste, que analisa algumas capacidades básicas, possui uma média de 27,4 de uma máxima de 30. Acima de 26 é uma pontuação normal. Trump marcou os 30 pontos. Talvez o médico tenha se impressionado por Trump já ser idoso.

Se quiser acessar, o teste está disponível em português neste link (deve ser aplicado por um especialista). Ele analisa a habilidade visual e espacial, aliada à capacidade de executar as habilidades, desenhando um relógio com um determinado horário.

Após isso, há a nomeação de animais, um teste de memória, um teste de atenção, de linguagem, um teste de capacidade de abstração, memória um pouco mais tardia e a capacidade de orientação espacial e temporal. 

A gorila Koko

Koko com seu gatinho de estimação, em 1984. A gorila ficou muito deprimida quando foi informada da morte de seu gatinho em um acidente. (Créditos da imagem: Reprodução).

Embora não tenha passado no teste, Koko era uma gorila muito especial, alvo de estudos por muitos anos e que, por bem ou por mal, ajudou a ciência a entender um pouco mais sobre a linguagem entre animais não-humanos. 

Ela morreu em 2018, aos 46 anos, e causou grande comoção, já que era uma celebridade. Você já deve ter a visto – é uma gorila que aprendeu a falar, de forma bastante complexa, por meio de linguagem de sinais. 

Além de ter aprendido mais de duas mil palavras da língua inglesa, ela ficou famosa quando mais jovem, em 1978 por ter tirado uma selfie e, em 1985, por ter adotado um gatinho de estimação. Por sua criação, ela agia de forma muito similar a um humano.

Com informações de IFL Science e National Geographic.

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