Cometas que “saltam” de planeta em planeta podem espalhar vida

De acordo com pesquisa recente, os cometas podem representar uma possível origem de vida extraterrestre em exoplanetas que estão além do nosso Sistema Solar.

Francisco Alves
Imagem: Shutterstock

No início, asteroides e cometas bombardearam a Terra. Estes últimos são relevantes para cientistas por possivelmente carregarem ingredientes orgânicos. Talvez, cometas tenham sido cruciais para o surgimento da vida terrestre. Essa possibilidade leva a uma nova questão: será que cometas poderiam semear vida em exoplanetas, além do nosso Sistema Solar?

Para descobrir isso, os pesquisadores do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge desenvolveram modelos matemáticos. Esses modelos são representações abstratas baseadas em equações que levam em conta vários fatores, como a velocidade dos cometas, as características dos sistemas planetários, os possíveis impactos e outras variáveis relevantes.

Ao desenvolver esses modelos, os pesquisadores puderam simular diferentes situações e cenários para entender como os cometas podem interagir com os sistemas planetários. Em particular, esse trabalho tornou possível prever e analisar possíveis trajetórias de cometas, velocidades de impacto e as consequências para a sobrevivência de moléculas orgânicas transportadas por esses cometas.

“Estamos constantemente aprendendo mais sobre as atmosferas dos exoplanetas, por isso queríamos ver se havia planetas nos quais moléculas complexas também poderiam ser transportadas por cometas”, observa Richard Anslow, principal autor desse estudo.

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Imagem: Rudenkoi/iStock

Alguns sistemas são mais favoráveis do que outros

Os sistemas planetários como o nosso, orbitando estrelas como o Sol, podem ser ideais para abrigar vida. Estudos recentes apontam para a possibilidade de planetas agrupados favorecerem o transporte de elementos orgânicos por cometas. Esses corpos celestes poderiam atuar como mensageiros, trazendo materiais essenciais para a formação de vida.

Contudo, a realidade parece menos promissora para planetas rochosos que orbitam as anãs vermelhas — as estrelas mais abundantes na nossa galáxia. A alta velocidade dos impactos nessas condições coloca em risco a integridade das moléculas orgânicas. Além disso, a maior distância entre os planetas nesses sistemas diminui as chances de cometas transferirem vida entre eles.

O estudo foi publicado na revista Proceedings of the Royal Society A.

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