Supernovas anãs negras podem marcar o fim do universo

Felipe Miranda
Concepção artística de uma anã negra. (Créditos da imagem: NASA/JPL-Caltech).

O fim do universo será repleto de fogos de artifício. O universo estará, por lá, muito mais escuro do que já é hoje, com as últimas estrelas mórbidas. Essas explosões de supernovas anãs negras alegrarão o nada, no entanto.

Essa é a conclusão que chega um novo estudo publicado no início do mês de agosto no periódico britânico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society pelo físico Dr. Matt Caplan, da Universidade Estadual de Illinois, EUA.

Caplan estuda astromateriais. Em outras palavras, os materiais que se formam dentro das estrelas mortas. Quando as estrelas resfriam, tudo muda, tornando-se um ambiente extremamente estranho.

Mas pode ficar calmo, se você se assustou. Ou pode sossegar, caso você tenha se animado com a ideia. O universo já estará muito diferente, com a energia muito diminuída, próximo ao zero absoluto. Ninguém estará aqui para presenciar.

Mas ainda falta muito tempo. O universo já possui mais de 13 bilhões de anos, mas ainda é muito jovem. “Será um lugar um pouco triste, solitário e frio”, diz Caplan em um comunicado. “É conhecido como ‘morte por calor’, onde o universo será principalmente buracos negros e estrelas queimadas”, explica.

Não podemos saber como são as supernovas anã negras, até porque ninguém nunca as viu. A hipótese de Caplan é baseada nos cálculos, e como a teoria prevê o comportamento dos astros. 

Fogos de artifício cósmicos

Possuímos diversas fotos de supernovas – uma mais bonita do que outra. Essa é uma das mortes que ocorrem em estrelas com mais de 10 massas solares, além de algumas outras características específicas.

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Mas não são elas que vão alegrar nossa vida. Cada estrela possui uma forma de morte diferente, como buracos negros, estrelas de nêutrons, gigantes vermelhas, anãs brancas, além das supernovas.

O nosso foco é nas anãs brancas. Algumas estrelas não tão grandes a ponto de explodir, tornam-se, um dia, anãs brancas. Essas anãs brancas brilharam por mais alguns anos, principalmente com sua energia residual.

Após todo esse tempo, elas esfriarão, tornando-se anãs negras (não confundir com anãs marrons). As anãs negras, são ainda objetos teóricos, já que o universo ainda não é velho o suficiente para que haja alguma delas.

Supernovas anãs negras – um último suspiro do universo

As estrelas geralmente fundem os átomos por uma reação que chamamos de fusão termonuclear. Ela ocorre quando as pressões e o calor são grandes o suficiente para juntar os átomos e fabricar novos materiais.

As estrelas que tornam-se supernovas fundem até o ferro. As menores não são capazes de fundir elementos tão pesados, por isso não geram as condições para explodir.

Entretanto, as anãs negras não serão capazes nem de fundir mais os elementos leves, como o hidrogênio – elemento que predomina no Sol. E agora entra uma maluquice da mecânica quântica.

Há um efeito chamado de tunelamento quântico. Em resumo, esse efeito possibilita que partículas façam algo proibido – pulem estados de energia sem que essa energia seja de fato adicionada ali, por alguns motivos que não vêm ao caso.

O tunelamento quântico pode fazer com que os núcleos se fundam, mas de forma muito lenta. Após trilhões de anos, essas estrelas podem ter acumulado ferro o suficiente para se tornarem supernovas, trazendo um último brilho para um escuro, frio e mórbido espaço.

O estudo foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Com informações de Live Science e Illinois State University News.

 

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