Pode haver vida na Lua — e a culpa é nossa

Talvez o ser humano possa ter contaminado a Lua com vida.

Felipe Miranda

Seres vivendo na Lua: a ideia foi bastante explorada na ficção científica, de de um tempo para cá, perdeu um pouco para a exploração da ideia de vida alienígena em Marte, em outras luas do sistema solar, ou em exoplanetas, já que a Lua é bastante inerte, e possui poucas áreas atrativas como candidatas a abrigar alguma forma de vida. Entretanto, pode ser que haja vida na Lua. Não que essa vida tenha surgido lá naturalmente. Mas pode ser que durante missões ao satélite natural, a humanidade tenha contaminado o solo lunar com vida microscópica.

Proteção Planetária

Há um rigoroso controle contra contaminações da Terra para missões espaciais, especialmente aquelas que pousam em outros corpos. No entanto, ter um controle da vida microbiana é extremamente difícil, e a esterilização completa de um aparelho é quase impossível. Em experimentos, bactérias já sobreviveram por um ano do lado de fora da ISS – a estação espacial internacional.

A esse controle dá-se o nome de Proteção Planetária. Segundo a NASA: “Proteção Planetária é a prática de proteger os corpos do sistema solar da contaminação pela vida terrestre e proteger a Terra de possíveis formas de vida que podem ser devolvidas de outros corpos do sistema solar”.

Vida na Lua

Se esses microrganismos sobrevivem facilmente à ISS porque não sobreviveriam à Lua?

“Uma das coisas mais impressionantes que nossa equipe descobriu é que, dadas as pesquisas recentes sobre as faixas em que certa vida microbiana pode sobreviver, pode haver nichos potencialmente habitáveis para essa vida em áreas relativamente protegidas em alguns corpos sem ar”, disse ao Space.com Prabal Saxena, pesquisador planetário do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, Maryland.

Para entender essa possibilidade, além de ter algo para buscar, os pesquisadores precisam entender quais espécies poderiam sobreviver ao clima bastante agressivo do espaço e como elas fariam isso.

“Estamos atualmente trabalhando para entender quais organismos específicos podem ser mais adequados para sobreviver em tais regiões e quais áreas das regiões polares lunares, incluindo locais de interesse relevantes para a exploração, podem ser mais propícias para suportar vida”, explica o pesquisador.

“Embora a transferência extraterrestre de moléculas orgânicas de fontes meteoríticas seja muito provável, e de fato observada em nossa própria análise de meteoritos terrestres, a transferência de micróbios de fontes semelhantes não tem o mesmo peso de evidência”, diz Heather Graham, geoquímica orgânica da Nasa. “Pode ser uma ideia interessante, mas sem dados viáveis essa rota não pode ser incluída neste estudo

“Em breve, teremos 50 anos de história dos humanos e seus objetos na superfície, sem requisitos rigorosos em relação à contaminação avançada, diz Graham. “Vemos os humanos como o vetor mais provável, dados os extensos dados que temos sobre nossa história de exploração e o registro de impacto como uma segunda, embora menos influente, fonte terrestre inicial”.

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Imagem: NASA.

Impactos de artemis

O voo de Artemis também deve ter alguns impactos no satélite natural. A marca da participação humana é bastante clara.

“Não há dúvida de que as aproximações finais da espaçonave Artemis depositarão dióxido de carbono e gelo de água em regiões permanentemente sombreadas ao longo da trajetória de voo e podem comprometer alguns tipos de investigações”, disse ao Space.com o pesquisador Paul Lucey, do Instituto de Geofísica e Planetologia do Havaí da Universidade do Havaí em Mānoa.

A movimentação, a exaustão e toda a atividade da nave pode causar algum impacto na Lua. Por isso, diversos pesquisadores defendem que isso deve ser amplamente considerado antes que as missões tripuladas à Lua sejam lançadas.

“Esses meios de planejamento e estratégia, técnicas e instrumentação correspondentes que podem estar envolvidos podem ser valiosos para a exploração de Marte também”, diz Saxena.

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