Planetas podem estar orbitando este estranho sistema triplo de estrelas

Felipe Miranda
(Imagem: ESO/L. Calçada, Exeter/Kraus et al.)

Como já disse Carl Sagan, “nós somos feitos de poeira de estrelas”. E isso também vale para os planetas e para as próprias estrelas. Agora, um disco de poeira cósmica que virá um dia a ser planetas, circunda de uma forma muito estranha um sistema triplo de estrelas. 

Essa nuvem de poeira possui uma geometria muito estranha. Além disso, é a primeira do tipo conhecida pelos cientistas. Note a ilustração da imagem acima. Ela é mais ou menos assim. 

O artigo que descreve uma análise foi publicado no último dia 4 na revista Science. O líder é Stefan Kraus, professor de astrofísica da Universidade de Exeter, localizada no Reino Unido.

A 1300 anos-luz de distância de nós, na constelação de Orion, o sistema chama-se  GW Orionis. Há um par jovem, com um comportamento parecido, e uma terceira um pouco diferente. 

Como é um sistema triplo de estrelas, não há um único disco, mas três. Desalinhados graças às estrelas, em um formato bastante estranho. Mesmo assim, entretanto, eles ainda são capazes de originar planetas. 

Ou pelo menos é assim que pensa o estudo de Kraus. Um estudo de maio, publicado no The Astrophysical Journal Letters sugere como a causa da deformação um planeta recém nascido. Mas vamos, no momento, com a explicação do grupo de Kraus. 

GW Orionis superimposed
(Imagem: ESO/L. Calçada, Exeter/Kraus et al. / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO).

Causada pelo sistema triplo de estrelas ou um planeta?

“Houve uma série de estudos teóricos sobre os efeitos de ruptura do disco, mas esta é a primeira evidência direta de efeito ocorrendo em um disco formador de planetas” disse Alison Young, uma da co-autoras, ao Space.com.

“Isso demonstra que é possível que tais discos sejam dobrados e quebrados e aumenta a possibilidade de que planetas se formem em órbitas altamente inclinadas em torno de múltiplos sistemas estelares”, explica.

Para encontrar evidências de que as próprias estrelas causam essa deformação – ou destruição, como preferir chamar -, os cientistas passaram um total de 11 anos estudando o sistema.

A partir de 2008, inicialmente com um instrumento chamado AMBER (Astronomical Multi-BEam combineR), e depois com o GRAVITY, localizado no ESO, Chile, os pesquisadores coletaram os dados necessários. 

“Esses dados nos permitiram construir um modelo de computador detalhado do sistema, que previu que o disco circunstelar seria dobrado e até mesmo rasgado para formar um anel interno separado”, diz Young.

Outros instrumentos também os ajudaram a entender um pouco melhor. Além disso, é claro, esses instrumentos também tentaram falsear ou confirmar as observações iniciais. Afinal, é algo completamente novo. 

O sistema ainda verifica previsões matemáticas. Antes da observação, os cientistas já conheciam esse tipo de sistema, mas apenas na teoria. Essa comprovação mostra que os números estavam corretos.  

“Acho plausível que possa haver planetas em algum lugar do sistema, mas eles não são necessários para explicar o desalinhamento. Não precisamos invocar planetas desconhecidos para explicar o que vemos”, diz Kraus ao Science News

Os cientistas sabem que há material suficiente para a formação de planetas. Portanto, caso se formaram ou estejam em formação, futuras observações poderão identificar. 

O estudo foi publicado na revista Science. Com informações de Space.com e Science News.

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