Novo papiro do Livro dos Mortos egípcio é descoberto

Mateus Marchetto
Imagem: Pixabay

No dia 16 de janeiro, especialistas do Egito divulgaram a descoberta de um papiro de aproximadamente 16 metros dentro da necrópole de Saqqara. Segundo especialistas, o documento é uma versão do Livro dos Mortos, e é o primeiro papiro completo encontrado em mais de um século.

O Livro dos Mortos é um nome que se refere ao conjunto de ritos, orações e hinos, por exemplo, utilizados em ritos mortuários no Egito antigo. Quando um indivíduo morria, acredita-se que cópias deste livro eram encomendadas a escriba. Os rolos de papiro contendo a cópia do livro, portanto, eram enterrados com a pessoa falecida, frequentemente mumificada.

O papiro recém descoberto data do ano de 50 AEC, em plena dinastia ptolemaica. O sítio arqueológico onde o artefato foi encontrado fica, como dito, na necrópole de Saqqara, um conjunto de pirâmides e estruturas que eram localizadas na antiga cidade de Mênfis. Em Saqqara fica a Pirâmide Escalonada de Djose, que é a mais antiga das pirâmides egípcias conhecidas — tal que pode ter inspirado a construção das pirâmides de Gizé.

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Pirâmide de Djose, uma das estruturas de pedra mais antigas conhecida. Imagem: Pixabay 

Inicialmente, o papiro parecia ter aproximadamente 9 metros de comprimento. Após o recolhimento e restauração do material, contudo, o rolo se mostrou com mais de 16 metros cheios de ritos e orações para a passagem da vida para a morte. O material foi restaurado e cuidado pelo Egyptian Museum in Tahrir após a descoberta.

Futuramente, a relíquia ficará exposta no Grande Museu Egípcio, que ainda está em construção. O museu, no entanto, será o maior museu arqueológico do planeta uma vez que esteja pronto.

O papel do Livro dos Mortos na cultura egípcia

Livro dos Mortos é um nome popular e uma forma mais simples de traduzir o documento, que na verdade teria um nome como Livro de Saída para a Luz do Dia. Entretanto, as passagens do livro se referem a diversas crenças sobre a passagem para o mundo dos mortos.

Uma das passagens mais encontradas em cópias deste livro é a “pesagem do coração“. De acordo com a cultura mortuária do Egito Antigo, uma pessoa morta seria conduzida pelo deus dos mortos — Anúbis — até a presença de Osíris. Este último é uma das entidades mais importantes da religião egípcia, considerado o deus do julgamento.

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Imagem: Pixabay 

Justamente, de acordo com a passagem, Osíris então realizaria a pesagem do coração da pessoa diante dele. Se o coração fosse mais pesado que uma pena (corrompido por “pecados”), o morto não poderia entrar no reino após a morte.

Ao longo das dinastias egípcias, vale comentar, o Livro de Saída para a Luz do Dia mudou conforme a cultura e crença em cada momento histórico. Muitas passagens do livro também eram impressas em paredes de câmaras mortuárias e, posteriormente, passaram a ser escritas em papiros que podiam ter entre 1 e 40 metros de comprimento.

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