Os astronautas já conduziram quase 3 mil experimentos na ISS

Felipe Miranda
O astronautas Luca Parmitano, da Agência Espacial Europeia (ESA), participa de uma verificação do traje antes de sair da Estação para uma atividade externa. (NASA).

Muitos não sabem, mas os astronautas não vão ao espaço simplesmente por ir. Eles vão ao espaço para conduzir experimentos científicos que necessitam da mão humana. Muito experimentos são feitos através de robôs, mas nem todos podem ser feitos assim. Dessa forma, um astronauta exerce um trabalho muito importante  – quase 3 mil experimentos na ISS.

Lançada ao espaço em 1998, a Estação Espacial Internacional (ISS) reuniu a força de países de todos os pontos do globo – com destaque, é claro, para os Estados Unidos e a Rússia, os países que protagonizaram a grande Corrida Espacial. Em 2 de novembro de 2000 dois cosmonautas russos e um astronauta americano abrem a porta e adentram a Estação. 

20 anos depois, a ISS permanece em serviço com uma ocupação contínua, e possivelmente ainda servirá por longos anos. Com uma manutenção constante e as modernizações necessárias, a vida útil da estação é bastante longa, diferente das estações espaciais soviéticas e da Sky Lab, americana, que operaram por pouco tempo. Fora a ISS, a única estaçaõ que permaneceu em órbita por um tempo considerável foi a Estação Espacial Mir, da Rússia, que operou entre 1986 e 2001.

Mas como todos sabemos, a união faz a força, e a ISS é uma boa mostra disso.

Papel essencial

A imagem abaixo é de um levantamento feito para uma matéria do braço de notícias da revista Nature. Os maiores destaques são do Canadá, da Agência Espacial Europeia (ESA), da Agência Espacial Japonesa (JAXA), da Agência Espacial dos EUA (NASA) e da Agência Espacial da Rússia (Roscosmos). Outros países também já se aventuraram pela estação, mas com uma quantidade ínfima de experimentos, como o Brasil, que teve uma oportunidade de uma participação maior, mas a desperdiçou, como não surpreendentemente sempre faz na área da ciência.

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(Nature).

As Agências Espaciais e Universidades equiparam a ISS com as mais altas tecnologias disponíveis, pois estar no espaço é uma oportunidade imperdível. São diversos os experimentos impossíveis de se conduzir na Terra, desde áreas mais exatas como física e geologia, até áreas mais voltadas para a saúde e ciências biológicas, como psicologia biologia e biomedicina. 

“É como pegar uma universidade de nível mundial inteira e reduzi-la ao tamanho de uma estação espacial”, diz à Nature a astronauta e bióloga da NASA Kate Rubins. Em 2016 Rubins passou 115 dias no espaço e, entre os experimentos, tornou-se a primeira pessoa a sequenciar um DNA no espaço. Em 14 de outubro de 2020 ela retornou à ISS e, no momento, continua por lá.

Apesar de bióloga, também conduz experimentos de outras áreas. Há alguns dias ela conduziu um experimento que testava como as gotículas de algum líquido interagem com uma superfície em microgravidade.

Técnicos e cobaias

No entanto, é claro que os astronautas não são especialistas em tudo. Afinal, 3 mil experimentos na ISS é muita coisa para algumas centenas de astronautas. Cada astronauta vai ao espaço com suas missões específicas, e recebem treinos para realizá-las. Eles servem, para as universidades, como uma espécie de “técnico de laboratório”. Dessa forma, os cientistas em solo realizam as análises de dados. 

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O astronauta Andrew Morgan realiza uma missão externa na ISS em 2019. (NASA).

Há, é claro, outros papéis para os astronautas. Muitos astronautas são engenheiros das mais diversas áreas, e mesmo aqueles que não são, passam por um extenso curso para aprender minimamente os sistemas de lá. Portanto, além de conduzir experimentos para as agências, os astronautas cuidam da manutenção e limpeza da ISS.

Além de ajudar na condução de experimentos, eles fazem o papel, ainda, de cobaias. É necessário cuidar da saúde dos astronautas, e constantes experimentos analisam os efeitos do espaço no cérebro dos astronautas, nos ossos, nos órgãos, no sangue etc. Lá eles se expõem a uma alta dose de radiação, além da microgravidade. Portanto, estudá-los possibilita novas missões para a Lua, para Marte e além. Não há limites para a criatividade humana.

Com informações de Nature News.

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