O universo pode estar cheio de estrelas de bósons invisíveis

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Olivares et al.).

O universo é repleto de objetos desconhecidos. Alguns previstos na teoria, no entanto, como é o caso das estrelas de bósons, transparentes. Além disso, é extremamente observá-las.

Em 2019, o mundo foi agraciado com a primeira foto de um buraco negro. Entretanto, um grupo de cientistas resolveu questionar isso através de um artigo publicado recentemente no periódico britânico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society

Ah, e um spoiler. Eles concluíram que possivelmente o M87*, o buraco negro da foto, é sim um buraco negro.

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O grupo, liderado por Hector Olivares da universidade holandesa Radboud University, argumenta que talvez, muitos dos buracos negros que enxergamos pelo universo podem não ser exatamente buracos negros.

As estrelas formadas por bósons, segundo eles, seriam invisíveis, assim como os buracos negros. Além disso, elas são previstas na Relatividade Geral, de Einstein, assim como diversos outros corpos e fenômenos estranhos detectados pelos cientistas.  

“Embora a imagem seja consistente com nossas expectativas sobre a aparência de um buraco negro, é importante ter certeza de que o que estamos vendo é realmente o que pensamos”, diz Olivares ao ScienceAlert.

Ele explica que essas estrelas de bósons poderiam, portanto, além de alcançar grandes tamanhos, possuir uma aparência semelhante ao dos buracos negros nas fotos e nas observações. Uma verdadeira impostora.

“Da mesma forma que os buracos negros , as estrelas do bóson são previstas pela relatividade geral e são capazes de crescer até milhões de massas solares e atingir uma compactação muito alta”, explica Olivares. 

“O fato de compartilharem essas características com buracos negros supermassivos levou alguns autores a propor que alguns dos objetos compactos supermassivos localizados no centro das galáxias podem, na verdade, ser estrelas do bóson”.

Semelhantes, mas nem tanto

A matéria bariônica, ou seja, a matéria convencional, possui algumas subdivisões. Entre elas, estão os férmions, as partículas que formam os átomos, por exemplo, como o prótons, nêutrons e elétrons.

Outra das subdivisões são os bósons. Embora ainda sejam a matéria bariônica, eles são bem diferentes dos férmions. As regras que eles seguem são bastante diferentes e, portanto, as estrelas feitas por esses materiais devem se comportar de forma muito estranha.

Entre os bósons estão os famosos fótons, os glúons, e é claro, o grande bóson de Higgs, que fez um grande barulho quando foi descoberto experimentalmente em 2013 pelo LHC, rendendo um Nobel. 

Embora sejam estrelas, elas não brilham nem emitem radiação, assim como os buracos negros. Mas agora entra uma parte interessante da história, justamente pelo seu comportamento.

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Os férmions não ocupam o mesmo lugar no espaço, isso todos sabemos, já que somos compostos por férmions. Para os bósons, no entanto, essa regra não vale. Eles podem ocupar o mesmo ponto.

Isso as deixa, portanto, transparentes, já que um fóton poderia atravessá-la diretamente. Em um buraco negro isso não ocorre, entretanto, e já é uma diferenciação. 

Além disso, forma-se em seu entorno, correntes de plasmas, atraídos pela gravidade. Essas dinâmicas dos plasmas foram modeladas pelos cientistas. A interação entre as estrelas de bósons e o plasma seria um pouco diferente dos buracos negros. Isso pode, portanto, ser identificado.

O estudo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Com informações de Science Alert e Futurism

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