Desde os primórdios, houve inúmeras mudanças nas características físicas do Homo sapiens. No entanto, pesquisadores levantaram uma hipótese, onde revelam acreditar, que as expressões faciais são universais. Isto é, o padrão de um rosto demonstrando felicidade, tristeza, surpresa e até mesmo, encantamento por algo ou alguém, já advém de nossos antepassados.
Uma mesma comunidade pode apresentar expressões faciais universais?
Pessoas que vivem em uma mesma cultura, ou seja, em um mesmo país, estão mais propensas a terem expressões mais semelhantes aos de seus conterrâneos. Isso acontece, em tese, devido ao fato de que o regionalismo, oferece uma igualdade em alguns casos. Em um estudo recente pesquisadores analisarem esculturas pré-históricas, onde notaram muitas semelhanças faciais dentre os objetos.
As esculturas, que se tornaram objetos de estudo, foram confeccionadas pelos povos das civilizações mesoamericanas. Nos rostos de cada objeto, havia uma expressão que poderia facilmente ser identificada, mesmo após terem se passado 3.500 anos de sua construção. Tendo em vista a necessidade de um olhar mais leigo, os autores resolveram contratar 325 participantes aleatórios, desde que falassem inglês, para realizarem a análise.
Assim, as esculturas foram capturas em imagens de alta resolução e inseridas para os participantes, em uma plataforma colaborativa, a Amazon Mechanical Turk. Nas fotografias, ficou visível somente a face de cada escultura, para que a sua origem não fosse descoberta. Dessa forma, cada convidado, de maneira individual, fazia a sua análise e, posteriormente, descrevia quais expressões faciais estavam sendo vista por ele, em cada uma das imagens.
Além desses 325 participantes, outros 114 também foram convidados. No entanto, para o grupo de 114 voluntários, foi explicado, brevemente, em qual circunstância se encontrava cada rosto. Ou seja, a representação de pessoas mantidas em cativeiro, torturadas, no combate, tocando um instrumento, abraçando um ente querido ou lutando para erguer um objeto pesado.
Em ambos os grupos, pesquisadores concluíram que, sabendo ou não da situação na qual a expressão facial foi capturada, uma grande porcentagem sempre descrevia as respostas corretas. Assim, para os autores, “os presentes resultados, fornecem suporte para a universalidade de pelo menos cinco tipos de expressão facial: aquelas associadas à dor, raiva, determinação/tensão, euforia e tristeza”.
Expressão facial: um fator biológico ou social?
Os trejeitos e características, sejam sociais ou biológicas do ser humano, são debatidas desde muitos anos atrás. No entanto, até o momento, esses debates entre os cientistas sociais poderão nunca chegar ao fim. Enquanto os pesquisadores acreditam que atos simples como o franzir da sobrancelha ou sorrir é algo contido em cada um de forma natural, outros pesquisadores acreditam ser somente algo cultural.
Apesar das controvérsias contidas em ambas as áreas, onde seus seguidores sempre refutam com argumentos sólidos uns aos outros, talvez esse estudo possa para sanar todas as lacunas – ou gerar ainda mais debates. A discordância entre os estudos dentre a área social e biológica, em suma, se dava ao fato de suas amostragens. Ou seja, as análises das fotografias eram feitas de forma presencial, podendo ser, em alguns casos, ocorrer alguma manipulação, mesmo que de forma impensada.
Com essa nova pesquisa, todo o processo ocorreu de forma online, em uma plataforma contendo pessoas de diversos países. Um outro fator que aumenta a credibilidade desse trabalho, é o fato de quem foi analisado. Isto é, ninguém nos dias atuais teve contato com a comunidade Maia ou qualquer indivíduo da Mesomérica pré-histórica.
.Em uma outra pesquisa, os autores relataram que, a expressão facial não é algo programado, mas sim, espontâneo. Para corroborar com a pesquisa, eles analisaram indivíduos cegos de nascença e perceberam que não havia qualquer distinção entre suas expressões faciais e as de pessoas que possuíam visão.
Mesmo assim, alguns estudos apontam pequenas diferenças nas expressões faciais que podem existir de uma cultura para outra. Mas, de maneira geral, seria algo muito ínfimo.
O estudo foi publicado na Revista Science. Com informações do ScienceAlert.