Misterioso objeto circular detectado no espaço intriga astrônomos

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Norris et al.)

Todo dia os diversos equipamentos astronômicos da Terra identificam numerosos sinais e objetos espalhados pelo cosmos. Entretanto, um novo e misterioso objeto intriga os astrônomos.

Quatro objetos, na verdade. Todos os quatro são semelhantes, com uma espécie de bolha. Possuem uma forma circular, e três possuem as bordas mais brilhantes, formando um “anel” brilhante.

Os objetos foram chamados de ORCs – sigla em inglês para Odd Radio Circles, ou algo como ‘Estranhos Círculos de Rádio’, no português. Eles receberam esse nome por terem sido identificados nas frequências do rádio.

O artigo que descreve a descoberta foi publicado como preprint no repositório ArXiv e aguarda a revisão por pares pela revista Nature Astronomy, onde ainda não foi decidido se será publicado.

No artigo, eles dizem que os objetos se assemelham a “um remanescente de supernova, uma nebulosa planetária, uma concha circunstelar ou um disco frontal, como um disco protoplanetário ou uma galáxia em formação de estrela”.

Eles, entretanto, não descartam a possibilidade de um erro. “Eles também podem surgir de artefatos de imagem em torno de fontes luminosas causadas por erros de calibração ou deconvolução inadequado”.

Primeiras detecções

A primeira detecção do misterioso objeto foi feita em 2019 durante as detecções de informações para a pesquisa piloto de um projeto chamado Mapa Evolucionário do Universo (EMU)

O EMU, que visa criar um mapa das emissões de rádio no espaço, utiliza principalmente o Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP), um rádio observatório australiano, como o próprio nome indica.

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Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP). (Créditos da imagem: Wikimedia Commons).

Embora eles tenham proposto a hipótese de alguma falha, essa possibilidade não é tão alta. Quando identificaram o primeiro, cogitaram falha, mas identificaram mais dois e, mais tarde, o quarto, o que reduz essa possibilidade.

A influência do quarto na quase certeza de uma identificação de fato, é por um motivo que precede a existência do ASKAP. Portanto, um segundo observatório também precisaria estar errado.

Em uma análise de dados de 2013 do Telescópio de Rádio Giant MetreWave, os cientistas observaram um desses ORC, e um terceiro telescópio, o Australian Telescope Compact Array, também confirmou.

Os objetos

É difícil estimar com uma precisão o tamanho desses objetos, já que não se sabe nem ao menos a distância entre eles e nós. Estamos totalmente no escuro com relação aos Odd Radio Circles.

Outro ponto interessante, é que eles são visíveis apenas nas radiofrequências, e totalmente invisíveis no espectro da luz visível, nos raios-x ou nos raios infravermelhos.

Eles disseram, no artigo, como citado no início do texto, que se parecem com remanescentes de supernovas, nebulosas planetárias, ou algumas dessas “nuvens cósmicas”.

Entretanto, é uma semelhança superficial, já que por análises espectrais, elas apresentam diversas diferenças desses objetos, como a visibilidade apenas nas ondas de rádio, conforme dizem os cientistas.

“Também é possível que os ORCs representem uma nova categoria de um fenômeno conhecido, como os jatos de uma galáxia de rádio ou blazar, quando vistos de ponta a ponta, no ‘barril’ do jato”, dizem.

Seja o que for, não é o fim do mundo. A dúvida é algo de praxe na ciência, e se não houvessem incógnitas, também não haveria o progresso científico. O trabalho dos cientistas é desmistificar o universo, e é isso que estão tentando fazer.

Com informações de Science Alert.

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