Internet em Marte é algo que invariavelmente ocorrerá em um momento, em um futuro não muito distante. O ser humano parece empenhado em se tornar interplanetário começando pela Lua apenas como uma base e, logo após, por Marte, agora sim como colônia. E bom, os habitantes do planeta vermelho precisarão estar conectados a uma rede como a internet.
Entretanto, os 55 milhões a 400 milhões de quilômetros de distância entre a Terra e Marte (dependendo da posição na órbita em torno do Sol onde cada um está), é uma distância um tanto grande para que a solução para se levar internet para Marte seja apenas instalar uma antena de Wi-Fi.
Navegando na internet em Marte
Levar internet para pontos distantes na Terra via sem fio já é difícil. Imagine isso em distâncias interplanetárias. A internet viaja, entre os continentes, via cabos submarinos. Entretanto, estender um cabo entre a Terra e Marte é absolutamente impossível. Além da enorme distância, os dois planetas estão sempre se movendo para várias direções diferentes.
O problema é que a melhor onda para se mandar mensagens de longa distância – o rádio – também é a pior para se mandar muitos dados. Ou seja, uma comunicação lenta, pois levaria um tempo maior para carregar x volume de dados do que as microondas levariam, por exemplo. Isso ocorre pois o rádio possui uma frequência menor. Por isso ele interage menos com a matéria, e chega mais longe. Entretanto, pela frequência menor, ele consegue carregar menos dados, o que seria um empecilho, dada a necessidade de se carregar dados em um grande volume.
Uma hipótese na mesa é a comunicação via lasers.
Entretanto, além do meio como esses dados viajarão, há outros problemas, como a distância e o Sol.
Por exemplo, se você está em Marte, não poderia jogar um jogo competitivo com alguém na Terra. Se você acha um ping de 80 milissegundos um empecilho, experimente um atraso 24 minutos. Ou seja, esqueça aquela chamada de vídeo no WhatsApp também.
A luz leva 24 minutos para fazer o caminho de ida e volta entre a Terra e Marte. Ou seja, esse é o tempo máximo em que podemos nos comunicar, já que nada é tão rápido quanto a luz.
Outro grande problema é o Sol. A cada aproximadamente dois anos, durante algumas semanas, o astro fica entre a Terra e Marte. Isso corta a comunicação entre os planetas.
Assim, Marte precisaria ter sua própria internet, e não depender da Terra. Obviamente, havendo interação entre os dois planetas. Mas essa interação não deve ser requisito para que Marte esteja na rede.
A comunicação da NASA com seus robôs marcianos nos dias de hoje, por exemplo, é feita por meio de cinco orbitadores. A onda manda a informação para os orbitadores que, por sua vez, encaminham para a Terra. Mas essa estrutura não comportaria muito bem uma colônia humana.
Soluções
Bom, dados os problemas, aqui estão as buscar por soluções. Quanto à comunicação, incialmente, a forma mais viável seria via rádio. Quando não houver uma linha direta de comunicação, uma sonda no espaço poderia fazer o link.
Mas ainda há a possibilidade do laser.
Recentemente, a NASA conseguiu transmitir um vídeo em alta definição de um gato via laser a 31 milhões de km da Terra. O vídeo foi transmitido pela sonda Psyche. Os pesquisadores já utilizam o laser como comunicação espacial, mas nunca haviam o feito em distâncias além da Lua. Agora, estão testando isso com a sonda.
Quanto à rede de internet em Marte, uma rede de satélites poderia ser a base de uma estrutura com uma “cópia” da internet da Terra em Marte, com os dados armazenados in loco para evitar transtornos pela demora da viagem dos dados via rádio.
Em 2023, os pesquisadores Tobias Pfandzelter e David Bermbach, da Technische Universität Berlin propuseram, em um artigo ainda em preprint, que 81 satélites dariam conta do recado.
Atualmente projetos para a implantação de 4G estão em andamento na Lua. Isso servirá de laboratório para que a humanidade saiba montar sua infraestrutura de dados e telecomunicações entre Marte e Terra da forma mais eficiente possível.