El Niño e La Niña são dois fenômenos climáticos bastante famosos que ocorrem no oceano Pacífico Equatorial — a região tropical do oceano Pacífico. El Niño ocorre quando o oceano está mais quente, e La Niña, quando ele está mais frio — ambos os casos em relação à média histórica.
Essas mudanças de temperatura no maior oceano do planeta acarretam efeitos globais de temperatura, umidade e precipitação, seja mais chuva do que o normal, devastando grandes áreas, seja menos chuva do que o necessário, causando grandes secas. E os efeitos do aquecimento global só tornam ainda mais rigorosos esses fenômenos que ocorrem naturalmente.
Conforme o Popular Science, previsões indicam que os países do leste do Chifre da África, formados por Somália, Etiópia e Quênia, enfrentem, pela sexta vez consecutiva, uma estação chuvosa fraca. Essa é a pior seca que a região viu em 40 anos. A região enfrenta duas estações chuvosas no ano, normalmente: entre março e maio e entre outubro e dezembro.
“É excepcional ter três anos consecutivos com um evento à la Niña. Sua influência de resfriamento está desacelerando temporariamente o aumento das temperaturas globais — mas não interromperá ou reverterá a tendência de aquecimento de longo prazo”, disse o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, em um comunicado da organização.
O comunicado foi lançado em 31 de agosto de 2022, no momento em que estava sendo previsto o prolongamento do La Niña. O fenômeno está ocorrendo pela terceira vez consecutiva, algo extremamente raro de se ocorrer.
Além disso, ao mesmo tempo que essas regiões enfrentam seca, o La Ninã aumenta a incidência de precipitação nas regiões da Indonésia e da Austrália.
“O agravamento da seca no Chifre da África e no sul da América do Sul tem as marcas do La Niña, assim como as chuvas acima da média no Sudeste Asiático e na Australásia”, disse Taalas no comunicado em questão. “A nova atualização do La Niña infelizmente confirma as projeções climáticas regionais de que a seca devastadora no Chifre da África piorará e afetará milhões de pessoas”.
Em agosto, Taalas falava em um prolongamento pelo menos até o final no ano. No entanto, no final de novembro de 2022, a OMM anunciava a previsão de que o prolongamento do efeito durasse até o final do inverno, para o hemisfério norte, e verão, para o hemisfério sul – que ocorrerá em meados de março.
Desde 1950, esta é a terceira vez que ocorre um La Niña triplo.
Seca e fome
Os efeitos de seca estão exacerbando a fome no mundo. Na Somália, mais de 1,3 milhões de pessoas deixaram suas fazendas para buscar comida em outro lugar.
No Quênia, as pessoas estão clamando por ajuda divina. O presidente do Quênia, William Ruto, anunciou na semana passada uma oração que ocorreu no domingo, em um culto na cidade de Nakuru.
“Como governo, estabelecemos planos elaborados para a segurança alimentar, temos sementes, fertilizantes amplos e estratégias de captação de água, incluindo barragens. Agora precisamos que Deus nos envie a chuva”, disse Ruto à Associated Press. “Exorto todas as pessoas de todas as fés (…) para orar pelo nosso país”.
Na América do Sul também ocorre algo parecido.
Enquanto no Brasil, principalmente no estado de São Paulo, estamos vendo desastres pelo excesso da chuva, como rodovias destruídas, mortes ocasionadas pelas fortes chuvas, a seca que atinge a Argentina, Uruguai e o estado brasileiro do Rio Grande do Sul está destruindo safras, ocasionando morte de gado e acabando com o alimento de milhões de pessoas. 2022 foi o ano mais seco da área central da Argentina desde 1960. Em outubro de 2022, o Uruguai declarou emergência agrícola. Desde 2019, o sul do continente Latino está sofrendo com a seca.
Secas e estações chuvosas exacerbadas são fenômenos naturais. No entanto, o ser humano está bagunçando o clima da Terra, e tornando esses fenômenos mais comuns. Já perdemos o controle disso há muito tempo.