Girafas conseguem tomar decisões com base em informações estatísticas

Damares Alves
Imagem: Shutterstock

Girafas são capazes de fazer inferências estatísticas complexas, mesmo com cérebros relativamente pequenos, de acordo com um novo estudo publicado na revista Scientific Reports. A capacidade de inferir estatísticas é considerada uma função cognitiva altamente desenvolvida e só foi testada em animais com cérebros grandes, como primatas. No entanto, as habilidades estatísticas de animais com cérebros menores, como as girafas, não haviam sido testadas até agora.

A Dra. Federica Amici, pesquisadora da Universidade de Leipzig e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, e seus colegas apresentaram a duas girafas machos e duas girafas fêmeas do Zoológico de Barcelona uma escolha entre dois palitos de legumes segurados com o punho fechado, que haviam sido retirados de recipientes transparentes contendo diferentes proporções de palitos de cenoura preferidos e palitos de abobrinha menos preferidos.

As girafas foram capazes de selecionar com segurança o recipiente com maior probabilidade de produzir seus palitos de cenoura preferidos em pelo menos 17 das 20 tentativas. Os pesquisadores usaram condições de controle para descartar a possibilidade de as girafas estarem usando outras informações, como o olfato ou pistas dos experimentadores, ao fazer sua escolha.

Esses resultados são surpreendentes, pois demonstram um raciocínio estatístico semelhante ao observado em primatas, mesmo com cérebros menores. Isso sugere que um cérebro grande pode não ser um pré-requisito para habilidades estatísticas complexas e que a capacidade de fazer inferências estatísticas pode ser mais difundida no reino animal do que se pensava anteriormente.

Os cientistas sugerem que as habilidades estatísticas podem proporcionar benefícios cruciais de aptidão para os indivíduos ao fazerem inferências em uma situação de incerteza. Portanto, não deve ser surpreendente se essas habilidades estiverem difundidas entre as espécies animais. No futuro, seria interessante testar mais espécies com esses procedimentos experimentais e usar uma abordagem comparativa para avaliar se os desafios socioecológicos específicos enfrentados por diferentes espécies preveem de forma confiável a distribuição das habilidades estatísticas entre os animais.

Os resultados deste estudo abrem portas para novas pesquisas e descobertas no campo da cognição animal. É fascinante ver como as habilidades estatísticas podem ser encontradas em espécies tão diversas. Isso nos mostra que a inteligência não é exclusiva dos seres humanos e que o mundo animal é muito mais complexo do que imaginávamos.

Além disso, essas descobertas têm implicações importantes para a conservação e proteção das espécies. Se as habilidades estatísticas são difundidas entre os animais, isso pode significar que eles são capazes de tomar decisões mais informadas e adaptar-se melhor a situações de incerteza em seus ambientes naturais.

O estudo é um marco importante na compreensão da cognição animal e nos mostra que ainda há muito a ser descoberto sobre a inteligência dos animais. As girafas têm muito mais a oferecer do que imaginávamos e é emocionante pensar em todas as outras espécies que podem ter habilidades semelhantes.

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