Em 1907, um médico tentou provar a existência da alma

Amanda dos Santos
Alma pairando sobre o corpo. Fonte: Robert Blair: "The Grave, A Poem". Londres 1808 / Wikimedia Commons

No início do século 20, o médico Duncan MacDougall tentou provar a existência da alma em Massachusetts. O método estranho precisava de pessoas à beira da morte e alguns cães.

Antes de mais nada, o médico escocês acreditava que a alma tinha massa física e, portanto, era possível pesá-la. Sua decisão, então, foi medir algumas pessoas um pouco antes de morrer e, após a morte, medi-la novamente. A diferença de pesos seria o peso da alma.

Assim, MacDougall procurou doentes em fase final. Esses pacientes eram pesados em seu experimento até que depois de desencarnados os seus ‘fantasmas’ fossem pesados também. Os pacientes terminais tinham tuberculose ou doenças parecidas, portanto costumavam estar exaustos e imóveis no momento da medição.

Duncan MacDougall physician
Duncan MacDougall (Domínio Público)

Método estranho do médico escocês

O médico construiu grandes balanças na cama de seu consultório para os pacientes. Uma versão dos acontecimentos aponta que eles tiveram suas aberturas corporais bloqueadas. Devido o rigor científico de Mac Dougall, o objetivo seria não deixar nenhum fluido escapar do corpo e impactar na pesagem do corpo.

artigo de jornal em 1907
Artigo do New York Times de 1907. (Crédito: Wikimedia Commons)

Mas, na hora da pesagem, as coisas não saíram como o planejado. Ao que parece, houve muito questionamento com relação ao experimento do médico e, conforme escrito por ele, “interferência de pessoas que se opõem ao nosso trabalho”.

Supostamente, muitos reclamaram do fato do médico estar pesando pacientes enquanto morriam, em vez de fornecer cuidados e tratamento a eles. Sobretudo porque alguns morreram enquanto ele ajustava a sua balança.

Quanto aos resultados com humanos, um paciente parece ter perdido peso no momento exato da morte e outro perdeu 14 gramas antes da confirmação do óbito. Após, foi constatado que ele perdeu 42,5 gramas. Por conseguinte, um terceiro também perdeu peso logo depois de sua morte.

Obviamente, a maioria acharia essa uma descoberta de algumas escalas ruins, mas MacDougall concluiu como prova da existência da alma.

Experimento de controle

Decerto, essa história pode ficar pior. O médico, como “pesador científico” de espíritos, percebeu a necessidade de fazer um experimento de controle.

Por isso, ele matou 15 cães saudáveis, mesmo imaginando que cachorros não têm almas a perder, então não ficariam mais leves ao morrer. Como sugerido, os animais não perderam peso de acordo com suas escalas. MacDougall publicou seus resultados que foram repelidos de forma instantânea.

Concluindo, a metodologia e a apuração foram falhos desde o início do experimento. O médico mesmo admitiu ser difícil medir o momento exato da morte.

Para além, qualquer mudança de peso coletada em suas amostras pequenas de pacientes poderiam ser atribuídas a alguns fatores básicos. Como exemplos, o aumento de suor repentino e evaporação de umidade acontecem quando a temperatura corporal sobe logo após a morte, pois o sangue não resfria mais enquanto circula.

Enquanto isso, os cachorros suam pelas patas, logo qualquer perda de peso seria mínima. Todos esses motivos o levaram a ser ridicularizado por seus colegas por muito tempo.

Ou seja, ele não provou a existência da alma e ainda virou um assassino de cachorros.

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