Este homem passou por uma cirurgia cerebral malsucedida há 3.500 anos

Possivelmente a mais antiga do Oriente Médio.

Damares Alves
Imagem: PLOS One

Em um estudo publicado na revista PLOS One os cientistas relataram vestígios de uma antiga cirurgia craniana que pode ser a mais antiga desse tipo no Oriente Médio.

Os restos mortais de dois irmãos foram escavados em 2016 no sítio arqueológico de Tel Megiddo em Israel. Os dois indivíduos estavam enterrados juntos há quase 3.500 anos, e um deles apresentava uma grande surpresa: um buraco quadrado causado por uma delicada cirurgia craniana, aparentemente malsucedida.

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Imagem: PLOS One

Enterrados em uma casa próxima a um antigo palácio cujo os pesquisadores acreditam ser reservado para a elite, em meio a cerâmicas e outros objetos de valor dignos de cidadãos mais ricos, os corpos provavelmente pertencem a homens de uma família poderosa, se não real.

Os irmãos viveram entre 1550 e 1450 AEC, mostram sinais de problemas de desenvolvimento e doenças crônicas, sendo que um deles tem a evidência incomum de uma antiga cirurgia cerebral. Conhecida como trepanação, o procedimento envolve fazer um buraco na cabeça humana perfurando, cortando ou raspando o crânio. Essas cirurgias ocorreram entre povos antigos em todo o mundo, mas é relativamente raro encontrar evidências de trepanação no Oriente Médio.

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Imagem: PLOS One

Uma análise de DNA estabeleceu a relação familiar os dois esqueletos, enquanto indícios em seu tamanho e desenvolvimento sugeriram que um morreu no final da adolecência ou no início dos 20 anos, e foi enterrado entre um e três anos antes do segundo irmão. Quando o outro irmão sucumbiu após sua cirurgia malsucedida, aos 21 anos ou mais, o irmão já falecido foi exumado para que os dois pudessem ser enterrados juntos – essa era uma prática comum naquela região durante a Idade do Bronze.

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Imagem: PLOS One

Ambos os irmãos sofriam de várias doenças. Seus esqueletos mostram sinais de anomalias congênitas ou de desenvolvimento, como dentes adicionais que não surgiram. O irmão que teve a trepanação também tinha ossos do crânio que não se fundiram normalmente durante a infância. Os ossos dos dois irmãos também apresentam lesões infecciosas adquiridas por uma doença ainda desconhecida, que pode ter sido a lepra. As muitas lesões dos esqueletos provavelmente mostram que eles conviveram com a doença por um longo período de tempo.

É difícil dizer se cada indivíduo morreu devido à infecção, ou mesmo se ela contribuiu para a necessidade de uma cirurgia craniana. Embora suas vidas tenham sido tragicamente interrompidas, está claro que quem cuidou deles tomou medidas drásticas para mantê-los vivos o máximo possível.

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