Corpos preservados neste pântano pré-histórico correm sério risco

Ruth Rodrigues
Fonte: Getty Images

Turfeiras são ecossistemas onde a vida humana não consegue prosperar. Assim, trata-se de uma zona com a presença de muita água e o oxigênio presente no local é muito escasso. Devido a isso, a descoberta de corpos preservados neste pântano pré-histórico, deixou os arqueólogos de uma pesquisa realizada, em exstasse.

artefatos datados de 1940 e 1970 são descobertos em um pântano
Pesquisadores descobrem artefatos das décadas de 40 e 70 em um pântano. (Fonte: Boethius et al.)

A importância por trás dessa descoberta

Os corpos encontrados estavam mumificados e sua decomposição não foi possível devido a baixa concentração de oxigênio no lugar. No entanto, o estudo publicado na revista PLOS One, evidenciou que esse ecossistema está perdendo o seu poder na preservação de organismos. Assim, sem a presença do gás oxigênio, a microbiota local não consegue sobreviver, o que resulta na preservação dos corpos e não em sua decomposição.

Durante uma entrevista para a revista Science, Cathleen O’Grady revelou que, durante o ano de 2019, os pesquisadores recuperaram alguns artefatos que estavam em melhores condições do que os encontrados na década de 70 ou 40. A preservação desses corpos ocorreu devido é presença de uma substância chamada de taninos.

 escavações durante a década de 40
Representação das escavações durante a década de 40. (Fonte: Boethius et al.)

Esses polifenóis são de origem vegetal e podem ser encontrados nas cascas, caule e nos frutos verdosos. São os taninos os responsáveis pela preservação dos organismos encontrados. Com essa descoberta, ficou subentendido que os pesquisadores precisam se apressar para analisar os outros pântanos do planeta, caso contrário, pode não restar mais nada que não esteja com influência dos taninos em sua composição.

Com essa descoberta, os arqueólogos e historiadores podem conseguir evitar a perda de tantas informações importantes que habitam nestes locais. Assim, o estudo evidencia que, “se os orgânicos permanecerem deteriorados, esse tipo de análise não será mais possível e, dadas as informações que agora estamos gerando, será um golpe devastador para a nossa compreensão das culturas antigas, estratégias de dieta e subsistência, migração e mobilidade”.

Corpos preservados neste pântano pré-histórico podem ser extintos

Como forma de alertar toda a comunidade científica, os autores que fizeram essa descoberta evidenciaram a sua preocupação. Assim, foi relatado que “se não fizermos nada, esperarmos e esperamos o melhor, é provável que os restos arqueológicos e orgânicos em muitas áreas tenham desaparecido em uma década ou duas. Depois que ele se for, não haverá mais volta, e o que for perdido será perdido para sempre”.

O continente europeu é um dos que mais possuem pântanos e ecossistema do tipo turfa. Assim, a presença desses locais é de um período tão remoto, que podem ser uma fonte rica na descoberta de itens e corpos que ficaram preservados ao longo do tempo. Para explicar a presença desses corpos, a arqueóloga Miranda Aldhouse-Green fez uma revelação em 2016.

Ecossistema turfeira localizado no Parque Nacional Cairngorms no Reino Unido
Ecossistema turfeira localizado no Parque Nacional Cairngorms no Reino Unido. (Fonte: Duncan Shaw)

Os corpos preservados neste pântano pré-histórico mostram que a morte de cada um deles, foi resultado de um assalto, lutas, acidentes e fatalidades diversas. No entanto, existem outras hipóteses que podem estar relacionadas a execução. Isto é, naquela época, as pessoas que eram acusadas de bruxaria eram mortas ou, sacrificadas para serem usadas em rituais.

O estudo mais recente desta área está sendo feito no sul da Suécia, e até esse momento, foram encontrados acessórios para pesca, ossos de javali e de veado. Apesar de serem datados acerca de 8 mil anos, Adam Boethius, o autor principal do trabalho, disse à Rádio Sveriges que, os corpos preservados neste pântano pré-histórico parecem “como se tivessem sido depositados anteontem”.

mapa do local da escavação
Mapa de Ageröd, localizada na Suécia. Fonte: Boethius et al.

Com informações de Smithsonian Magazine e PLOS One.

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