Como a Nova Zelândia deu alta ao último paciente hospitalizado pelo coronavírus há dois meses?

Felipe Miranda
Primeira ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, em uma coletiva de imprensa. (Créditos da imagem: Mark Mitchell/Pool/AFP).

Pode-se afirmar, com certeza, que o país que melhor lidou com a pandemia do coronavírus foi a Nova Zelândia. Não há mais transmissão comunitária e o último paciente hospitalizado teve alta no dia 27 de maio.

Há, é claro, uma ajuda de alguns pontos: a Nova Zelândia é composta por duas ilhas isoladas no meio do Oceano Pacífico, além de ser bastante pequena. Entretanto, não se resume a isso, e muitas atitudes deles deveriam servir de exemplo para os outros países. 

Brasil e Estados Unidos são os dois países com mais casos de coronavírus do mundo. No à toa, também são dois dos países onde impera o negacionismo e as teorias das conspiração. 

O Brasil possui o SUS, e devia ter sido um exemplo no combate ao vírus. Entretanto, a falta de respeito pelo isolamento social por parte da população, e a falta de ação por alguns líderes foram decisivas neste ponto – já estamos próximos das cem mil mortes. Não há apenas um culpado. 

A Nova Zelândia, por sua vez, teve apenas 1.562 casos e 22 duas mortes, com uma população de quase 5 milhões de pessoas. Lá, foram 314 casos para cada milhão de pessoas, em comparação aos mais de 12 mil casos por milhão no Brasil até o dia 01 de agosto.

Comunicação é primordial, e a Nova Zelândia sabe disso

Não. Falar sobre os fatos em relação ao coronavírus não é alarmismo. A realidade é necessária, mas infelizmente há uma tendência entre muitas pessoas de se ignorar a realidade.

“Aqui na Nova Zelândia, todos sabemos muito bem a sorte que temos e nos conectamos com colegas no exterior e realmente sentimos por eles”, disse ao Business Insider Chris Poynter, do Auckland City Hospital.

Mais de quatro milhões de pessoas é uma quantidade considerável de pessoas, o suficiente para um descuido ocasionar no rápido espalhamento da doença pelo território do país.

Entretanto, a liderança da Nova Zelândia, com relação ao coronavírus, emitiu bloqueios de forma bastante rápida, que foram respeitados por parte da população, houve a testagem em massa e também o rastreamento de aglomerações.

Evidências, na medida do possível

Ao observar que, mesmo após tentar encobrir no início, quando Wuhan e toda a China passou a ter uma abordagem de bloqueio, sucessos passaram a ser obtidos, a Nova Zelândia viu como a evidência de ciência mais concreta, conforme a BBC.

Eles instituíram, ainda em março, após observar que o vírus não poderia mesmo ser controlado, quatro fases de bloqueio. A partir da instituição desse sistema, eles já partiram do segundo estágio. 

Em 25 de março, com a constante escalada dos casos pelo mundo, eles optaram por já partir para a fase 4, o último estágio da escala, mesmo com apenas 102 casos e nenhuma morte até então. 

“Eles realmente envolveram as mentes e os corações da população em fazer o impensável, dizendo ‘vá para casa e fique lá a maior parte das seis [próximas] semanas”, disse à BBC o professor Michael Baker, um epidemiologista neozelandês. 

O Brasil iniciou o enfrentamento à pandemia com cuidado: o Ministério da Saúde agiu rápido. A população estava assustada, a ponto de ser necessário pedir para que não estocassem máscaras nem álcool em gel.

Com o tempo, entretanto, as pessoas foram descuidando. Quando Mandetta, então ministro da saúde, tentou se posicionar fortemente para fazer com que as pessoas voltassem para as casas, foi demitido. A partir daí ficou claro que o Brasil  só pioraria com a falta de liderança e colaboração por parte da população.

Com informações de Business Insider e BBC.

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