Por que coiotes atacaram e mataram uma jovem no Canadá

Mateus Marchetto
Imagem: U.S National Park Services

Em Outubro de 2009, coiotes atacaram e mataram uma jovem de 19 anos no Parque Nacional Cape Breton Highlands. Após mais de dez anos, pesquisadores e especialistas explicam o mistério do ataque dos coiotes.

Taylor Mitchell era vocalista de música folk e tinha o hábito de caminhar em parques nacionais e trilhas no Canadá. Contudo, no início de uma trilha em Cape Breton Highlands, a jovem foi atacada por uma matilha de coiotes. Pessoas caminhando pela trilha presenciaram o ataque e chamaram as autoridades.

Apesar de ter recebido socorro aéreo, a jovem de 19 anos morreu no hospital, em decorrência dos ferimentos, 12 horas após o ataque.

Além de bastante traumático, o evento foi estranho, uma vez que ataques de coiotes são raros, e o caso de Mitchell foi o único letal para uma vítima adulta (em 1981 coiotes atacaram uma criança de 3 anos, a primeira vítima fatal em registro).

Agora, uma equipe de pesquisadores compôs uma análise ambiental e situacional dos ataques, mostrando os reais motivos dos incidentes.

De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Journal of Applied Ecology, mudanças no hábitat e, sobretudo, nas presas naturais dos coiotes, estão os levando a atacar humanos mais frequentemente.

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Imagem: Elizabeth Reyes-Fournier / Pixabay 

A equipe coletou pelos do focinho dos animais envolvidos na morte de Mitchell, bem como outros envolvidos em incidentes menores. Os pesquisadores então coletaram amostras de pele de possíveis presas dos caninos. Comparando isótopos presentes em cada amostra, foi possível definir quais as presas mais comuns dos animais.

Mudança na dieta dos coiotes

De acordo com os resultados da pesquisa, os caninos selvagens envolvidos nos ataques tiveram uma prevalência de uma presa: alces (em média 50% da dieta dos coiotes era composta pelo herbívoro de grande porte.)

O problema é: alces não são presas naturais dos coiotes, que são bastante pequenos para caçá-los. Além do mais, a análise molecular mostra que muitos dos coiotes estão se alimentando de restos de comida humana.

Esses resultados indicam que, devido a mudanças nos hábitats, as presas naturais do coiote estão sumindo (pequenos roedores, por exemplo). Isso levou as matilhas a procurarem presas maiores, como os alces.

Eventualmente, com a escassez de presas, os coiotes famintos atacaram Taylor Mitchell, possivelmente por terem aprendido a caçar presas maiores. De acordo com os pesquisadores, essa adaptabilidade é condizente com a situação ecológica dos animais.

Contudo, os autores também alertam que ataques do tipo podem se tornar mais frequentes, tendo em vista a ação humana, direta ou indireta, sobre o ecossistema.

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