Cientistas simulam o início da vida em laboratório

Erik Behenck
Experimento foi realizado com alta pressão e trouxe bons resultados. Foto: Christian Mayer.

Como a vida surgiu? Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, decidiu analisar a questão. Segundo segundo contam os pesquisadores em um comunicado de imprensa, a vida poderia ter se originado nas profundezas da crosta terrestre. Para comprovar suas idéias eles decidiram simular o início da vida em laboratório. E os resultados foram animadores.

Segundo a equipe, a experiencia várias estruturas inanimadas desenvolveram boas estratégias de sobrevivência em pouco tempo. No início havia a vesícula, uma bolha autogerada semelhante a uma bolha de sabão, envolvida por uma membrana. Na sequência, foi cercada por um líquido, uma receita da sopa primitiva, em uma temperatura de 40ºC a 80ºC.

São as condições que existiam há 3,8 bilhões de anos e que continuam existindo atualmente, no fundo da crosta terrestre. Além disso, eles também elevaram a pressão. Assim, tudo estava pronto para que o experimento fosse realizado.

Os primeiros resultados

O químico Christian Mayer, do Centro de Nanointegração (CENIDE) e o geólogo Ulrich Schreiber, simularam fendas cheias de água quente no interior da Terra. Assim usando as configurações experimentais, analisaram as fontes geotérmicas.

Ao longo de duas semanas, foram criadas e desintegradas um total de 1.500 gerações de vesículas. Segundo eles, algumas conseguiam sobreviver a mudança de geração porque incorporavam precursores de proteínas da sopa inicial em suas membranas. Assim, ficavam mais estáveis, menores e com a membrana permeável.

O início da vida em laboratório

Mesmo que a vesícula fosse destruída, a sua próxima geração assumiria a estrutura da proteína, algo semelhante a herança clássica. “Concluímos que dessa maneira, as vesículas foram capazes de compensar a pressão destrutiva. Como estratégia de sobrevivência, se você quiser”, explica Mayer.

Eles estão convencidos de que o experimento mostrou um caminho para um estágio preliminar da vida. “Como simulamos no lapso de tempo, bilhões de anos atrás, essas vesículas podem ter se tornado estáveis ​​o suficiente para vir à superfície durante erupções de gêiseres”, explicou Schreiber.

Além disso, com o passar do tempo outras funções podem ter sido desenvolvidas, até a criação da primeira célula. Outra suspeita é de que a evolução molecular tenha acontecido junto com outros mecanismos, em locais diferentes.

Mas estas proteínas poderiam ser consideradas vida?

De acordo com a NASA, isso já é um tipo de vida. Para alguns astrobiólogos, já consideramos um sistema vivo, se for capaz de qualquer tipo de evolução. No entanto, de acordo com a definição biológica, que até agora se limitou às formas de vida terrestre, ainda faltam pontos essenciais na lista de verificação, como metabolismo, reprodução e crescimento.

Atualmente Schreiber realiza pesquisas sobre vulcanismo e placas tectônicas, estudos envolvendo as zonas de falha permeáveis e gases. Assim como o seu colega de pesquisa, é professor desde 1996 na Universidade de Duisburg-Essen.

Mayer conduziu experimentos em laboratórios que simulavam condições da crosta continental. Assim, entre um estudo e outro, conseguiu demonstrar com sucesso uma evolução química, associada a vesículas.

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