Chove no cume da Groenlândia pela primeira vez na história

Jamille Rabelo

Uma quantidade sem precedentes de 7 bilhões de toneladas de água caiu como chuva, e não como neve, do cume da Groenlândia.

Esta foi a terceira vez que as temperaturas do cume subiram acima do congelamento em menos de uma década, de acordo com os registros da Estação do Cume, da Fundação Nacional da Ciência (NSIDC).

A chuva, que ocorreu durante dois dias entre 14 e 15 de agosto, foi acompanhada pelo derretimento de até 872 mil quilômetros quadrados de gelo.

“Não há nenhum relatório prévio de precipitação neste local, que atinge 3,216 metros de altitude”, disseram os pesquisadores da NSIDC. A quantidade de gelo perdido em um dia foi a mesma que a média de uma semana durante a mesma época do ano.

Aquecimento global em ritmo acelerado

Esta maior precipitação já registrada é uma indicação segura de que a Groenlândia está aquecendo em um ritmo muito rápido.

Este evento sem precedentes indica que não estamos passando por uma década mais quente, mas sim estamos cruzando limites não vistos em milênios.  

O ano de 2021 está sendo desafiador para as camadas de gelo da Groenlândia e Antártida, que juntas constituem 99% das reservas de água doce da Terra.

Em fevereiro, cientistas alertaram que o manto de gelo da Groenlândia estava próximo do momento no qual poderia derreter, mesmo sem aumento da temperatura global. Já em julho, o manto de gelo sofreu um derretimento onde perdeu 9,37 milhões de toneladas de gelo da superfície por dia. Isto é o dobro de sua taxa normal de perda na semana durante o verão.

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Aumento do nível do mar

Segundo os pesquisadores, o nível global do mar subiria cerca de 6 metros se todo o gelo da Groenlândia derretesse.

Os cientistas atribuem a causa da chuva cume da Groenlândia a um evento atmosférico, chamado de anticiclone, que ocorreu acima da ilha.

Os anticiclones são regiões de alta pressão que provocam a descida do ar, aquecendo à medida que ele desce. Estas condições de anticiclones permitem que a temperatura mais quente persista em uma área durante longos períodos de tempo, criando ondas de calor.

Um relatório divulgado este mês pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU emitiu um aviso de que a Terra pode aumentar 1,5 graus Celsius em sua temperatura devido às mudanças climáticas nos próximos 20 anos.

O relatório adverte que eventos climáticos cada vez mais extremos, tais como ondas de calor, secas e inundações, se tornarão mais comuns à medida que o planeta aquece.

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