Califórnia pode enfrentar um enorme terremoto devido falhas geológicas

Felipe Miranda
Falhas geológicas na Califórnia. (Créditos da imagem: Google Earth)

A falha de San Andreas, na Califórnia, é uma das mais famosas falhas geológicas, e a região permanece em constante apreensão. Agora, falhas geológicas em formas de Z são potenciais causadoras de grande terremoto.

Dois terremotos que ocorreram na pequena cidade de Ridgecrest, também na Califórnia, podem ter aumentado as chances de um grande e devastador terremoto no estado americano na Califórnia.

Se Ridgecrest tiver um terremoto grande – com magnitude acima de 7,5 -, poderia desencadear um grande terremoto na falha de San Andreas. Aqueles dois de 2019 tiveram magnitudes de 6,4 e de 7,1 na escala Richter 

Eles chamam de The Big One (O Grande, em tradução livre), o inevitável e devastador terremoto, e a cada novo pequeno abalo a tensão aumenta. Na primeira semana julho de 2019, mais de 100 tremores, além de dois terremotos maiores, atingiram o estado.

Um dos maiores receios em relação ao The Big One é o fato de que bem ali se situa Los Angeles. A metrópole tem aproximadamente o tamanho da cidade de São Paulo, ou da região metropolitana do Rio de Janeiro, em termos de população.

Falhas geológicas em formas de Z e efeito cascata

O temido Z é, na verdade, não só uma falha, mas formado pela junção de três: Ridgecrest, ao norte; Garlock, no meio e a parte mais ao sul é composta pela falha de San Andreas.

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As três falhas que formam o Z. (Créditos da imagem: Temblor inc.).

Segundo o LiveScience, um grande terremoto que “descesse” de Ridgecrest não viria de uma vez, mas por meio de ondas de terremotos que ocorreram ao longo de anos, até mais de uma década.

Conforme diz ao LiveScience o geofísico Ross Stein e fundador de uma empresa especializada na avaliação de riscos de terremotos, “O que estamos descrevendo não é provável e é uma espécie de reação em cadeia do terremoto”.

Entretanto, ele também diz que a possibilidade de ocorrer existe: “Mas o que aprendemos nos últimos quatro meses é que as reações em cadeia realmente acontecem na natureza”.

Uma nova análise sugere agora que um terremoto na falha de San Andreas seja 3,5 a 5 vezes mais provável do que se pensava anteriormente. Entretanto, apesar de significativa, ainda não é muito alta – cerca de 1,15% para os próximos 12 meses.

Segundo um relatório de 2008, um terremoto de magnitude de 7,8 na escala Richter poderia causar 1.800 mortes, 50 mil feridos e 200 bilhões de dólares em prejuízos – hoje, mais de uma década depois, isso poderia ser ainda pior.

Stein diz ao Live Science que se sentiu humilhado quando ocorreu os dois terremotos de Ridgecrest no ano passado. Pela magnitude a falha era grande, e ninguém o previu.

“Eu acho que alguém teria lhe dito que, dado o quão bem mapeada a Califórnia é, que qualquer falha que possa liberar um 7.1 teria sido conhecida. E era desconhecido”, diz.

Otimismo, mas cautela

Embora a chance de haver um grande terremoto nas falhas geológicas em formas de Z seja de 1,15%, o que já exige cuidados, há um lado otimista. A chance do The Big One não ocorrer nos próximos 12 meses é de 98,85%.

Mesmo assim, os habitantes e as autoridades não devem permanecer descuidados, principalmente quando se lida com uma cidade com mais de uma dezena de milhão de habitantes.

Com informações de LiveScience e BBC.

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