Bilhões de pintinhos são mortos só porque são machos. Isso vai mudar

Mateus Marchetto
Imagem: Melanie/Pixabay

Existem aproximadamente 25 bilhões de galinhas no planeta, o maior número dentre os animais criados para produção de alimento. Contudo, estima-se que 7 bilhões de pintinhos machos são mortos já nos primeiros dias de vida, todos os anos, pela indústria de ovos.

O extermínio acontece pois os animais do sexo masculino não podem ser utilizados para a produção de ovos e nem de carne. Assim, logo após os ovos chocarem, trabalhadores separam manualmente os machos e os destinam ao abatedouro. Em geral, os pintinhos são triturados vivos, sem qualquer tipo de anestesia. No mundo todo, apenas a Alemanha e a França proibiram essa prática – a mais utilizada por fazendeiros.

Agora, no entanto, pesquisadores podem ter encontrado uma forma de ao menos diminuir a matança dos animais. Cientistas de Israel modificaram os genes de galinhas para que todos os ovos do sexo masculino possam ser inativados. Sob a incidência de luz azul, os ovos de pintinhos machos ficam inviáveis e não chocam, enquanto as fêmeas nascem normalmente, mesmo sob a luz azul.

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Imagem: Andreas Göllner/Pixabay 

A pesquisa ainda não foi publicada pois os autores ainda buscam patentear a técnica, de forma que ainda não houve revisão por pares e avaliação por parte da comunidade científica. Durante três anos, no entanto, a organização Compassion in World Farming acompanhou o desenvolvimento da pesquisa. A organização promove projetos de bem-estar animal e redução da crueldade na indústria.

Peter Stephenson, o chefe de assessoria política da Compassion in World Farming afirma à BBC: “O próximo passo importante é ver se a galinha e os pintinhos fêmeas que ela produz, que vão botar ovos para consumo humano, podem passar por uma duração de vida comercial sem quaisquer problemas inesperados de bem-estar aparecerem.”

Outros problemas além do extermínio de pintinhos

Além da crueldade extrema com a qual os pintinhos são abatidos, a indústria dos ovos tem outros problemas bastante sérios quanto ao bem-estar animal. Um deles é o espaço reduzido que cada galinha tem para viver. As aves vivem em gaiolas suficientes apenas para o tamanho de seu corpo, sem poder andar ou se movimentar muito.

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Imagem: Matthias Böckel/Pixabay 

Evidentemente isso gera um estresse muito alto nos animais, além de lesões constantes e não tradadas. Além disso, as gaiolas geralmente são agrupadas em blocos. Ou seja, cada gaiola tem outras dezenas de gaiolas aos lados, acima e abaixo. Isso faz com que as aves tenham um contato muito próximo e se contaminem com excremento a todo momento. A gripe aviária, não a toa, é uma das maiores preocupações para autoridades de prevenção a epidemias e pandemias: a doença é altamente letal e tem origem nesses aglomerados industriais.

Além disso, as galinhas têm seus bicos cortados e frequentemente são privadas de comida e água por dias. Quando o animal para de produzir ovos, por fim, o destino é tão cruel quanto o dos pintinhos.

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