A descoberta da nova espécie Popa langur, um macaco comedor de folhas de tamanho médio encontrado no centro de Mianmar, foi anunciada por cientistas. Mas ela já surgiu provavelmente classificada como “criticamente ameaçada de extinção”, porque são estimados que hajam apenas 200 a 250 desses macacos.
A descoberta foi anunciada apenas uma semana depois de duas novas espécies de planador maior – um marsupial planador – serem identificadas na Austrália. Mas o que isso quer dizer, essas espécies eram realmente desconhecidas pela ciência?
É bom enfatizar que esses achados não foram feitos por algum explorador de forma repentina, as espécies já haviam sido identificadas com um grupo geneticamente distinto dentro de uma população já conhecida. Na verdade, a população local vive com esses animais há gerações e tem suas próprias maneiras de identificar e classificar as espécies.
Portanto, quando os estudiosos anunciam uma espécie recém-definida baseados em evidências genéticas, geralmente significa que uma subespécie foi elevada ao nível de espécie.
Forma de definir uma nova espécie
Inicialmente, as espécies não são tão definidas como aprendemos na escola. A maioria dos estudiosos utiliza o “conceito biológico de espécie”. Ou seja, esses são os animais capazes de produzir descendentes férteis. Mas existem muitas outras maneiras de definir uma espécie.
No caso do Popa langur, do mesmo modo que outros primatas descritos anteriormente, ele foi identificado usando informações genéticas, ou o conceito de espécie filogenética. Dessa maneira, a descoberta é baseada em como os animais estão se relacionando com outros grupos em termos evolutivos.
Assim, essencialmente define a espécie como o menor grupo que pode ser geneticamente distinto de outra espécie, porém ainda compartilha um ancestral claro.
Entretanto, a elevação de uma subespécie para espécie através da informação genética é controversa. Alguns estudiosos acabam descartando como “inflação taxonômica” essas descobertas, enquanto temem que as mudanças nas classificações possam confundir os esforços de conservação.
Outros acham que sem um nome e uma estimativa populacional confiável, esses pequenos bolsões de variação genética podem ser extintos rapidamente e sem aviso prévio. Além do fato de garantir financiamento para os esforços de conservação a partir do momento em que os grupos de risco são elevados a condição de espécie.
Identificação de uma nova espécie
De qualquer forma, uma nova espécie, sob todas as definições, são construções humanas explicando a variação natural. Logo, nenhuma definição será uma representação perfeita de uma variação biológica.
A identificação do recém-descrito Popa langur foi feita por meio de um estudo filogenético que buscou entender melhor as relações evolutivas entre as 20 espécies conhecidas do gênero Trachypithecus. Também conhecidas informalmente como langures, lutungs ou macacos-folha.
Os cientistas usaram amostras fecais de langures selvagens e amostras de tecido de espécimes de museu para esclarecer as relações taxonômicas entre o gênero. No estudo, um grupo de langures destacou-se, porque a evidência genética mostrou claras variedades ocidentais e orientais. Então, uma população central não se encaixou em nenhuma delas.
Concluindo, as variedades ocidentais e orientais, que anteriormente eram chamadas de subespécies de langur de Phayre, foram elevadas ao nível de espécie. E a população restante foi chamada de Popa langur.
O estudo científico foi publicado no periódico Zoological Research.