Várias espécies de abelhas simplesmente desapareceram desde 1990

Giovane Sampaio
Pixabay

As abelhas têm recebido muita atenção há vários anos. As ameaças que pesam sobre esses insetos, que desempenham um papel crucial em nossos ecossistemas, são numerosas. Isso inclui a perda de seus habitats naturais devido à agricultura, extração de recursos e desenvolvimento urbano. Elas também são afetadas pela poluição do ar e pelo uso indevido de pesticidas. Finalmente, a mudança climática também é um problema, com muitas abelhas incapazes de migrar para áreas mais frias.

Queda drástica no número de espécies observadas

Essas ameaças levaram a um declínio nas populações de abelhas, mas até que ponto? Em um estudo, pesquisadores argentinos examinaram o número e a natureza dos avistamentos desses insetos relatados nas últimas décadas para o Global Biodiversity Information Facility (GBIF). Na verdade, é uma plataforma online na qual todos podem registrar suas observações.

Esses resultados mostraram que 25% menos espécies de abelhas foram relatadas no GBIF entre 2006 e 2015 em comparação com os registros disponíveis antes de 1990. Esses dados são ainda mais preocupantes porque o número de registros aumentou cerca de 55% desde o início dos anos 2000. Em outras palavras, esse declínio não se deve à falta de observações.

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Vidros com mel de abelha. (Pixabay)

“Graças à ciência cidadã e à capacidade de compartilhar dados, os registros estão aumentando exponencialmente, mas o número de espécies relatadas nesses registros está diminuindo”, resume Eduardo Zattara, da Universidade de Comahue (Argentina) e principal autor do estudo. “Ainda não é um cataclismo, mas o que podemos dizer é que as abelhas selvagens não estão em alta”.

Espécies de abelhas raras ou extintas

O estudo também aponta que esses declínios não são uniformemente distribuídos entre as famílias de abelhas. No geral, as observações das chamadas abelhas “raras” diminuíram mais acentuadamente do que as mais comuns. Como exemplo, os registros de Melittidae, uma família de abelhas encontrada na África, caíram até 41% desde a década de 1990, enquanto Halictidae, a segunda família mais comum, diminuiu 17% na década de 1990.

Ainda não se pode tirar conclusões definitivas referindo-se apenas a este banco de dados, por mais importante que seja. Isso não significa necessariamente, por exemplo, que todas as espécies “ausentes do radar” foram extintas, mas que se tornaram raras o suficiente para que ninguém possa encontrá-las regularmente na natureza. Ainda assim, mesmo levando em conta o grau de incerteza, a tendência observada neste estudo é bastante clara e corresponde a outros relatórios anteriores.

Os detalhes deste trabalho foram publicados no periódico One Earth.

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