Vacina contra o coronavírus mostra 90% de eficácia em testes preliminares

Mateus Marchetto
A empresa Pfizer, em parceria com a BioNTech, divulgou nesta segunda feira resultados preliminares que mostram cerca de 90% de eficácia na vacina da empresa contra o novo coronavírus. (Imagem de fernando zhiminaicela por Pixabay)

A empresa de biotecnologia Pfizer divulgou nesta última segunda feira (09/11) resultados promissores da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela empresa. De acordo com os resultados oficiais, a vacina mostrou em torno de 90% de proteção no grupo testado.

Contudo, os dados divulgados se referem a um grupo de 94 pessoas que desenvolveram a doença. Esse grupo, aliás, inclui pacientes que receberam placebo (uma dose que é incapaz de prevenir a doença de qualquer forma). As 94 pessoas foram analisadas por comitês de dados médicos. Por fim, o grupo mostrou imunização de aproximadamente 90%.

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(Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay)

A vacina já está em fase 3 dos testes clínicos e mais de 43 mil pessoas ao redor do mundo receberam a medida. Todavia, a empresa não divulgou ainda dados conclusivos dos testes clínicos.

Em torno de dez outras vacinas estão em fase 3 de testes clínicos também. Essa é a parte mais avançada dos testes antes da aprovação. No entanto, a vacina contra o coronavírus da Pfizer é a primeira a ter resultados tão bons. O imunologista Akiko Iwasaki, da universidade de Yale mostrou animação em entrevista ao New York Times: “Esse é realmente um número espetacular.” “Eu estava esperando algo como 55%”.

Como é testada uma vacina contra o coronavírus?

Quando é descoberta uma nova doença, a primeira coisa a se fazer é estudar o causador. Nessa parte os cientistas precisam entender como o microrganismo funciona. Para isso, os pesquisadores fazem diversos testes de laboratório para determinar que tipo de vacina ou medicamento será mais eficiente.

Já nos testes pré-clínicos, é preciso testar a vacina em animais e células humanas. Se a vacina for tóxica ou não mostrar resposta, ela não passa para os próximos testes. Nesse estágio acontecem também centenas de testes estatísticos. Existem, aliás, diversos softwares que podem simular os efeitos de uma doença.

Os testes clínicos, ademais, são divididos em três fases. A primeira avalia se a vacina é segura. A segunda mostra a resposta imunológica criada pelo produto. Por fim, a fase 3 verifica se a vacina realmente protege contra a doença. Todas essas etapas são feitas em humanos. Aliás, cada uma delas involve mais voluntários que a anterior. No caso da vacina da Pfizer, a fase 3 conta com 43.538 participantes.

Uma vez terminada a fase 3 a vacina pode passar pela aprovação. Geralmente esse processo leva de 6 a 12 meses. Contudo, com a crise sanitária de 2020 a FDA (Food and Drug Administration dos EUA) poderá aprovar a vacina mais rápido. O remdesivir, por exemplo, passou pela aprovação em apenas um mês.

Além do mais, o tipo de vacina feito pela Pfizer (e também pela Moderna Therapeutics e CureVac) é mais moderno que as vacinas tradicionais. Ele utiliza o RNA como molécula para criar imunidade. Essa estratégia, aliás, pode ajudar na velocidade de desenvolvimento.

O futuro da vacina da Pfizer e da BioNTech

De acordo com o relatório da empresa Pfizer, a instituição pode produzir até 50 milhões de doses da vacina até o fim de 2020. Outras 1,3 bilhão deverão estar disponíveis até o fim de 2021. Contudo, a produção deve começar após o final da fase 3 de testes – que deverá ocorrer ainda em novembro. Além do mais, a vacina precisará ser armazenada a -70°C, o que pode dificultar a distribuição.

A empresa ainda afirmou que pretende divulgar os dados da fase clínica para a comunidade científica.

Vale lembrar, contudo, que os resultados ainda podem mudar conforme o andamento dos testes. Entretanto, caso essa vacina mantenha a eficácia, os desfechos podem ser incrivelmente positivos.

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