Conheça os Trovants, rochas que crescem e se movem sozinhas

Felipe Miranda
Imagem: Nicu Buculei

Nativas de Costesti, uma pequena cidade de apenas 12 mil habitantes na Romênia, os Trovants são rochas que parecem vivas. O país, localizado no leste europeu, ficou conhecido pelas estranhas rochas que crescem e andam por aí. É como se realmente elas tivessem vida. E não, não se tratam de Trolls tentando se disfarçar. Há uma explicação científica para essas pedras que ganharam vida.

“Os trovants são basicamente ovoides ou esféricos em forma, embora possam ocorrer em uma grande variedade de formas”, disse Florin Stoican, chefe da ONG “Kogayon” e co-gerente do Parque Nacional Buila-Vanturarita à Rádio Romena Internacional. “Existem trovantes alongados, com gravuras zoomórficas ou antropomórficas”.

As rochas, redondas, ovais, cilíndricas e com diversos padrões diferentes, obviamente não possuem vida. No entanto, elas parecem ter.

Os tamanhos também variam – elas podem ser pequenas e pesar algumas gramas, como podem ser gigantes e pesar toneladas e medir mais de 4 metros de altura.

Trovants podem crescer?

Sim, elas crescem. Mas não é algo instantâneo. Os Trovants crescem algo como 5 centímetros a cada milênio, apenas. Obviamente, um aumento tão singelo de tamanho não pode ser notado por uma pessoa durante sua vida. O que dá à rocha a impressão de um crescimento momentâneo, é o fato de ela inchar quando exposta à umidade. Após chuvas, pode haver mudanças em seu tamanho e sua forma.

Trovants
Imagem: Wikimedia Commons

A formação das “rochas vivas”

A formação das rochas vivas ocorreu há cerca de 7 milhões de anos. Minerais transportados por um antigo rio que havia por ali na época, junto à areia formavam um material cuja composição principal era carbonato de cálcio. Choques sísmicos e a ação da natureza iniciaram uma compressão do material, que passou a se juntar em agregados maiores, até dar origem às rochas.

“Sua história é bastante simples. Há 7 milhões de anos, havia um delta onde está a atual pedreira de pedra. Este delta continha sedimentos, arenito e siltito em particular, acumulados e transportados de todo o continente por um rio pré-histórico. Posteriormente, várias substâncias minerais se dissolveram em soluções que circularam sobre esta bacia de cascalho e areia. Esses minerais agiram como cimento e colaram várias partículas sedimentares. Hoje, existem trovants com composições diversas. Alguns são feitos de arenito, outros de cascalho. Na terminologia geológica, eles são feitos de arenito e conglomerados”, explica Stoican.

Outro ponto interessante em relação aos Trovants é o fato de que eles são capazes de procriar. Às vezes, as reações da rocha junto à água, não ocorrem por toda a rocha de maneira uniforme, mas apenas em alguma parte específica. Dessa forma, forma-se bolsões ou áreas destacadas, dando a impressão de que a pedra está se multiplicando, como em uma divisão celular. Esses bolsões podem se separar, dando origem a uma nova rocha.

Ocorrência

Os trovants ocorrem em mais de 20 locais diferentes no território da Romênia. As rochas possuem até mesmo um museu dedicado a elas e muitas delas “vivem” em uma reserva natural que é protegida pela UNESCO.

“A reserva se espalha um total de 1,1 hectares, ou seja, cerca de 11.000 metros quadrados. Abrange a área na base da pedreira e a própria pedreira. Os trovants na pedreira não teriam sido descobertos se a areia não tivesse sido explorada. À medida que os trabalhos de escavação de areia avançavam, alguns dos trovants foram movidos. Uma vez que eles estavam indevidamente protegidos, alguns trovants foram movidos de seu lugar e até mesmo transportados para outro lugar. Dois deles estão atualmente em frente ao Museu de Geologia em Bucareste. Por enquanto, há de 200 a 300 trovants no território da reserva”, diz Stoican.

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