Tecnologia ajuda sapos a regenerar membro após uma amputação

Lorena Franqueto
Imagem por String Fixer.

Os sapos com garras africanas frequentemente regeneram caudas ou pequenos membros quando girinos. No entanto, quando adultos eles perdem essa habilidade especial. Por exemplo, quando sapos sem perna já grandes tentam recuperar esse membro, o resultado é algo mais parecido com uma garra do que o membro original.

Apesar disso, nova pesquisa aproveitou as células do sapo adulto para regenerar a perna do animal, mesmo que formando um membro imperfeito. A publicação do estudo aconteceu na Science Advances e auxiliará na regeneração de membros em humanos.

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Imagem por Oleg Tovkach/Alamy.

Como os sapos sem perna recuperaram seus membros?

Primeiramente, os pesquisadores dividiram os sapos em três grupos. Sendo eles, os sapos que não receberiam tratamento, aqueles que usariam um tampão sem medicamentos, por 24 horas, e os sapos que receberiam o tampão repleto de drogas regenerativas durante 1 dia. No dois últimos casos, os estudiosos colocaram o tampão de silicone nas feridas amputadas por um período de 24 horas. Por fim , todos os animais receberam acompanhamento por um tempo de 18 meses.

Com a colaboração de diversos membros, o tampão de silicone vestível (BioDome) e os devidos medicamentos com potencial de regeneração estavam selecionados e a pesquisa teria início. Essa etapa foi importante porque os autores precisavam inibir o processo de cicatrização e ativar a restauração da perna. Nesse sentido, “… para convencer todas as células de que, ‘OK, estamos no programa de crescimento de pernas'”, explicou um dos autores do artigo, Michael Levin.

O experimento começou em 2017 e finalizariam apenas 1 ano e meio depois, com os sapos do terceiro grupo nadando e comendo em outros testes. O primeiro desafio consistiu numa cirurgia de 13 horas e mais de 100 animais anestesiados.

Os resultados do experimento

Após as cirurgias, as equipes mantiveram o acompanhamento dos animais e, a partir do 4 mês, perceberam diferenças entre os animais dos três grupos. Os animais que não receberam tratamento desenvolveram espinhos no lugar da perna. Enquanto os animais que receberam o BioDome apresentaram um expressivo crescimento do membro regenerado.

Contudo, os sapos que receberam também medicação obtiveram um feito ainda maior: aparecimento de um elemento complexo com nervos, ossos e cartilagens. Ou seja, os sapos sem perna recuperam, em partes, o membro. Além disso, ao contrário dos espinhos, a “perna” dos animais do grupo 3 respondiam aos estímulos da equipe de pesquisa.

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Uma imagem do sapo com a sua perna regenerada após o tratamento medicamentoso, usando um tampão por 24 horas. Foto: Reprodução/Universidade de Tufts/Science Advance.

“Foi uma surpresa total”, disse Nirosha Murugan, pesquisadora da Universidade Algoma, em Ontário, Canadá, e autora do artigo, sobre a complexidade do membro regenerado. Ela ainda disse: “Eu não achei que conseguiríamos o padrão que fizemos”.

Para que os testes aconteçam em humanos ainda levará tempo, porém, segundo Levin os testes com camundongos já começaram e são ainda mais complexos. Ao contrário dos sapos, os roedores têm expressiva dificuldade em regeneração, porque focam na cicatrização. Isto é, ao invés de produzir células de uma nova perna, os camundongos – assim como os humanos – produzem feridas para prevenir infecções ou perda de sangue.

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