Templo budista de 2.000 anos é encontrado no Paquistão

Letícia Silva Jordão
Imagem: ISMEO/UNIVERSITA' CA' FOSCARI VENEZIA

Uma equipe de arqueólogos italianos que estavam escavando o vale do Swat, localizado a noroeste do Paquistão na cidade de Barikot, desenterraram recentemente um templo budista que pode ser um dos mais antigos do país, datado há cerca de 2.000 anos.

De acordo com um comunicado, a estrutura do templo provavelmente data do século II aC, sendo que ele foi construído no topo de outro templo budista que pertence ao século III aC, indicando que ele existiu a algumas centenas de anos após a morte do fundador do budismo, Siddhartha Gautama, que faleceu entre 563 e 483 aC.

A escavação estava sendo liderada por Luca Maria Olivieri, um arqueólogo da Universidade Ca’ Foscari em Veneza, em parceria com a Associação Internacional de Estudos do Mediterrâneo e Orientais.

O local em que o templo budista foi encontrado era conhecido pelos antigos indianos como o reino de Gandara, que durante diferente momentos do primeiro milênio aC foi governado por hindus, budistas e indo-gregos, fazendo um encontro cultural entre a Índia, Ásia central e o Oriente Médio.

Templo budista era um importante local de culto e peregrinação

O templo budista desenterrado tem cerca de 3 metros de altura, e possui uma plataforma cerimonial que já foi encimada por uma stupa ou cúpula, uma característica frequentemente encontrada em santuários budistas. No seu pico, o templo possuía uma estupa menor na frente, uma sala para monges, o pódio de uma coluna, uma escada, salas de vestíbulo e um pátio público com vista para uma cidade.

Além do templo, os arqueólogos também conseguiram encontrar vários artefatos antigos como estátuas, fragmentos de cerâmicas, moedas e jóias que provavelmente foram abandonadas logo após um terremoto que ocorreu no século III dC.

Em um comunicado sobre o templo, Olivieri disse que a descoberta atesta que o local era um importante e antigo centro de culto e peregrinação e que naquela época, Swat já era considerada como uma terra sagrada para o budismo.

O budismo nem sempre foi o foco da região

A cidade Barikot em que o templo budista foi encontrado, já apareceu em diversos textos clássicos de origem grega ou latina com o nome de “Bazira” ou “Beira”. Pesquisas mostram que na época que Alexandre, o Grande, realizou suas famosas invasões no Paquistão e Índia, a cidade já estava ativa.

Por conta do clima, Barikot permitia a colheita de grãos e arroz duas vezes por ano, o que fez com que o líder macedônio utilizasse a cidade como um “celeiro”. Após a sua morte, a região de Barikot, conhecida como o reino de Gandara, voltou a ser de domínio indiano sob o Império Máuria, que durou de 321 a 185 aC.Porém, o budismo só ganhou fama no local por volta de 150 aC, durante o reinado de Menandro I. Na época, a religião foi mais praticada pelas pessoas da elite, sendo que somente durante o Império Cuchana que o local acabou se transformando em um centro budista sagrado.

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