Supernovas podem ter causado uma das principais extinções da Terra

Ruth Rodrigues
Fonte: Marshall Space Flight Center/NASA

Catástrofes que possuem um potencial para causar uma extinção em massa do Planta Terra podem vir de um asteroide, vulcões altamente ativos e inclusive, as ações de uma grande porcentagem dos seres humanos. No entanto, até esse momento, não se havia evidência alguma a respeito de uma extinção causada por estrelas. Agora, graças a um novo estudo com raios cósmicos emitidos por supernovas, pesquisadores acreditam que a luz radioativa por elas liberadas, podem ter causado uma das grandes extinções em massa.

Explosão de uma estrela pode ter modificado vida na Terra

Há 400 milhões de anos atrás, o Planeta Terra estava passando por uma era histórica conhecida como Período Devoniano. Esse momento ficou marcado como a “Idade dos peixes”, pois foi nesse tempo que ocorreu o surgimento de algumas espécies de animais aquáticos, como peixes placodermos e tubarões. O Devoniano foi marcado por duas grandes extinções em massas, conhecidas como Kellwasser e Hangenberg.

Em uma pesquisa publicada na Revista Science, os cientistas evidenciaram que o evento de Hangenberg poderia ter ocorrido devido a uma redução na camada de ozônio daquele ano. No entanto, o professor Brian Fields, da Universidade de Illinois, pensava diferente. Para ele, um evento tão catastrófico assim, deveria ser um resultado de forças maiores.

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O artigo de Fields foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, onde ele demonstrou o porque acredita que o evento de Hangenberg ocorreu não somente devido uma diminuição na camada de ozônio. De acordo com Fields, houve a explosão de algumas estrelas, estas resultaram em supernovas. Com uma luz tão nociva, que foi capaz de danificar a camada de ozônio.

Apesar de ser algo magnífico de ser visualizado, essa explosão é altamente radioativa devido aos seus inúmeros raios ultravioleta, gama e raio X. Com a liberação de tamanha força eletromagnética, o conjunto de moléculas de ozônio ligadas entre si estariam mais susceptíveis a serem quebradas. Assim, com o enfraquecimento da camada, a vida na Terra estaria ameaçada por todos os raios radioativos, tanto provenientes do Sol, quanto o resultado da explosão estelar.

Quais estrelas podem vir a se tornarem supernovas?

No meio científico, a exatidão dos eventos que podem ocorrer não é conclusiva. Os pesquisadores lançam hipóteses sobre fatos que já existiram e que podem vir a existir novamente. Um exemplo disso é uma das estrelas mais brilhantes do céu, a Betelgeuse. Ela já está em uma fase final do seu ciclo de vida, entretanto, não se pode afirmar com exatidão, em qual momento ela vai explodir.

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De acordo com o Adrienne Ertel, coautor do artigo, “uma das ameaças de supernova mais próximas hoje é da estrela Betelgeuse, que está a mais de 600 anos-luz de distância e bem fora da distância de morte de 25 anos-luz”. Mas esses eventos terminam rapidamente e é improvável que causem a destruição de longa duração do ozônio que aconteceu no final do período Devoniano”, complementou Jesse Miller, também autor da pesquisa.

Illinois, https://news.illinois.edu/view/6367/750171228

Caso a explosão de uma estrela aconteça, tanto a Terra quanto o Sistema Solar estariam em perigo. Logo após a detonação, o planeta seria rapidamente banhado por raios radioativos e prejudiciais, seja ultravioleta, X ou gama. Com o passar do tempo, os detritos oriundos da estrela iriam colidir com os planetas, causando um longo e nocivo período de exposição à radiação. As consequências para a Terra, seriam os danos longos de, aproximadamente, 100.000 anos causados na camada de ozônio.

Para que seja comprovado que a extinção no período devoniano ocorreu devido as supernovas, seria preciso encontrar isótopos radioativos plutônio-244 e samário-146. Esses elementos químicos estariam nas rochas que foram atingidas no momento em que tudo aconteceu. Segundo o pesquisador Zhenghai Liu, “nenhum desses isótopos ocorre naturalmente na Terra hoje, e a única maneira de chegar aqui é por meio de explosões cósmicas”.

O estudo está disponível na PNAS. Com informações de Illinois News BureauIFL Science.

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