Serpentes se diversificaram apenas depois da extinção dos dinossauros

Mateus Marchetto
Imagem: Joschua Knüppe

Em um certo dia tranquilo há 65 milhões de anos, tudo mudou para os grandes répteis do planeta. Após o impacto de um asteroide de mais de 10km na Terra, 75% de todos os vertebrados acabaram extintos. Apesar do desastre, no entanto, uma nova pesquisa mostra que as serpentes aproveitaram a oportunidade para se diversificar loucamente.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Bath e de Cambridge, as espécies de serpentes do planeta puderam se diversificar altamente a partir de um período pouco após a extinção dos dinossauros. Ou seja, a morte dos grandes répteis pode ter dado lugar para que as cobras explorassem novos ambientes e recursos.

Ademais, a pesquisa publicada no periódico Nature Communications argumenta que, devido ao tamanho reduzido e ao corpo alongado, as cobras podem ter tido mais facilidade em encontrar abrigo contra os efeitos do impacto do asteroide.

grass snake 60546 1920 1
Imagem: WikiImages / Pixabay 

Além do mais, o metabolismo lento destes animais os permite ficar semanas ou até meses sem comida, muitas vezes. Isso pode ter sido outro fator determinante para a sobrevivência e diversificação das serpentes após a extinção dos dinossauros.

Como os autores mostram na pesquisa, o sumiço relativamente repentino dos dinossauros abriu muitos nichos e mesmo espaços físicos para aves, anfíbios e – agora se sabe – serpentes. Ou seja, depois que a vegetação voltou a crescer no planeta, estes animais tiveram muito mais comida e espaço, sem os dinossauros como competição.

A partir daí, certos grupos de cobras atingiram tamanhos incríveis, como a famosa e terrível titanoboa, ou serpentes marinhas que passavam dos 10 metros de comprimento.

Desvendando o passado das serpentes por fósseis

Para registrar essa explosão na diversidade das cobras, pesquisadores utilizaram o relógio molecular de diversos fósseis de serpentes pré-históricas. A datação dos fósseis e comparação de registros e outras pesquisas, portanto, permitiu aos pesquisadores notarem uma diversificação que coincide com a extinção do Cretáceo.

Para além disso, os autores identificaram algumas mudanças significativas nas vértebras das serpentes, apesar delas terem permanecido morfologicamente muito semelhantes às suas ancestrais.

Atualmente, vale ressaltar, existem em torno de 3700 espécies conhecidas de serpentes no planeta. Ainda podem existir outras milhares de espécies destes animais em locais remotos do planeta, mas isso fica para próximas descobertas.

snake 944651 1920
Imagem: Denis Doukhan / Pixabay 

Fato é que os dinossauros reinaram no planeta por quase 200 milhões de anos. Durante este período, os grandes répteis se diversificaram de forma incrível e, por consequência, limitaram a expansão de outras formas de vida pela competição ou predação.

Mesmo os mamíferos só puderam evoluir de forma acelerada após a extinção dos dinossauros – e outros mamíferos primitivos que também viveram na Era Mesozoica.

Assim, a partir de pequenos animais que sobreviveram ao asteroide, houve o surgimento da gama extremamente vasta de organismos que vivem hoje no planeta. Pequenos mamíferos semelhantes a marsupiais, por exemplo, deram origem a todos os descendentes deste grupo que habitam o planeta, inclusive aos humanos.

A nova pesquisa mostra agora que as cobras seguiram um caminho semelhante, e seus ancestrais provavelmente também se beneficiaram de um mundo livre de dinossauros.

Compartilhar