Sapos desta espécie vivem um triângulo amoroso incomum

Ruth Rodrigues
Sapo macho da espécie Thoropa taophora do Brasil. Imagem: Fábio de Sá

Se uma poligamia entre humanos já é algo complicado para ser entendido nessa geração, imagina descobrir que isso acontece no Reino Animal? Isso mesmo! Pesquisadores brasileiros descobriram que os sapos da espécie Thoropa taophora vivem um triângulo amoroso incomum. Esse animal vive na região da Mata Atlântica, no Brasil, comumente encontrados em rios. Segundo os autores do projeto, esses pequenos animais não gostam da prática monogâmica e, por isso, saem em busca de aventuras.

Você sabia que a América do Sul abriga mais de 2,5 mil espécies de sapos, rãs e pererecas?

Pesquisadores descobrem que alguns sapos podem ser galanteadores

Em uma pesquisa publicada recentemente na Science Advances, pesquisadores brasileiros da Universidade Estadual Paulista observaram um comportamento incomum em sapos. Os indivíduos machos da espécie T. taophora acasalam com mais de uma fêmea, o que gera uma tensão entre o grupo.

No entanto, ao que indica o estudo, os machos não ligam muito, desde que estejam praticando atos sexuais e conquistando mais fêmeas. Por outro lado, as fêmeas só estão interessadas no esperma gerado pelo macho. Ou seja, por mais que os machos tenham mais de uma fêmea, elas também não se detêm muito a uma ligação mais profunda.

Para as fêmeas, seu principal objetivo é a perpetuação de sua espécie, ou seja, gerando uma prole fértil. O motivo dos sapos desta espécie viverem triângulos amorosos incomuns está relacionado, intrinsecamente, ao local onde vivem.

Assim, a preferência é dada para lugares mais úmidos e rochosos. Onde as fêmeas poderão colocar seus ovos sem que haja interferências de predadores. Dessa forma, em um grupo sempre haveria um pai e duas mães.

Um triângulo amoroso incomum

Esse sistema de fidelidade a um número específico de parceiras era notado somente em mamíferos, pássaros e peixes. Portanto, foi uma descoberta muito importante para estudos posteriores sobre comportamento animal.

Para o autor principal do artigo, “foi muito surpreendente. A fidelidade era conhecida anteriormente por anfíbios, mas geralmente associada à monogamia”.

Mesmo praticando uma poligamia, ao se envolver com duas fêmeas ao invés de somente uma, os sapos desta espécie são fiéis às duas. Assim, eles vivem um triângulo amoroso onde toda a sua prole gerada pode conviver pacificamente. “Foi emocionante revelar esse sistema de acasalamento em uma rã”, diz o autor.

Essa estratégia evolutiva é algo benéfico para a espécie. Assim, o acasalamento seria ideal para um momento onde os recursos estão limitados. Segundo Sá, autor da pesquisa, “uma fêmea que acasala com um macho já emparelhado em um criadouro de qualidade superior terá sucesso reprodutivo. Seja ele igual ou superior ao de uma fêmea que acasala com um macho não pareado em um local de pior qualidade”.

As fêmeas escolhem seus parceiros levando em conta as características que eles possuem. Dessa forma, se um macho é bom para buscar alimentos e lutar por seu território, ele irá mostrar as suas melhores aptidões para que a fêmea o escolha. Assim, quanto melhor for as suas aptidões, mais chances terá o macho de gerar uma prole com muitos filhos. Mesmo que os sapos desta espécie vivam um triângulo amoroso incomum, é algo que acaba sendo lógico e benéfico.

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