Ratos com sangue de atleta tiveram melhor desempenho de memória e aprendizado

Mateus Marchetto
Imagem: Jacek555 / WikipediaCommons

Os benefícios da atividade física são praticamente impossíveis de se negar. Grande parte dos médicos e especialistas, ademais, reafirmam os três pilares de uma vida saudável: sono, alimentação e exercício. Uma nova pesquisa acaba de mostrar, nesse sentido, que ratos com sangue de atleta tem melhor desempenho cognitivo.

A pesquisa publicada no periódico Nature utilizou três grupos de ratos de laboratório para compor o experimento. Dois grupos tinham apenas o espaço de suas gaiolas para se movimentar, enquanto um terceiro grupo tinha acesso livre a esteiras e praticava exercícios constantemente.

Um dos grupos sedentários, contudo, recebeu plasma sanguíneo dos dois demais grupos. Ou seja, alguns ratinhos receberam sangue de outros ratos sedentários e alguns receberam sangue de atleta.

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Imagem: DracoEssentialis / WikipediaCommons

Vale lembrar que o plasma é a porção mais líquida do sangue, sem células, que contém sais minerais e diversas proteínas leves.

Após a transfusão do plasma, os ratos que receberam o sangue dos colegas mais ativos tiveram melhor desempenho em testes de memória e cognição. Respostas inflamatórias possivelmente relacionadas ao Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas também foram menores neste grupo.

Os autores acreditam que um grupo de proteínas chamado clusterinas tem relação a tudo isso.

O Dr. Madhav Thambisetty, não participante da pesquisa, afirmou ao New York Times que é preciso ter parcimônia com os resultados:

“É ainda muito prematuro concluir que níveis mais altos ou mais baixos de clusterina possam ser benéficos ou não. […] Eu não acho que estamos ainda num estágio onde pessoas possam trocar as esteiras ou cancelar a inscrição da academia por pílulas de clusterina ou uma injeção de clusterina.”

Como a clusterina melhora o sangue de atleta dos ratos

Pesquisas anteriores têm relacionado as clusterinas ao desenvolvimento do mal de Alzheimer. No caso da nova pesquisa, quando cientistas silenciaram o gene para esta proteína, os benefícios do sangue de atleta foram reduzidos drasticamente nos ratos sedentários.

Os testes com os animais, inclusive, envolveram a análise de genes silenciados ou não após a transfusão do plasma. Ao menos 250 genes relacionados à inflamação tiveram alterações significativas no grupo de ratos.

Isso é importante pois doenças neurodegenerativas dependem de uma resposta inflamatória disfuncional no cérebro.

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Imagem: geralt / Pixabay

Além do mais, os ratos que receberam a transfusão tiveram respostas melhores ao estresse e se lembraram melhor de certos eventos (como uma parte do chão da gaiola que dava um pequeno choque elétrico).

Uma pequena parte da pesquisa ainda envolveu análise em humanos. Os pesquisadores, nesse sentido, observaram que 20 veteranos com estágios iniciais de demência tiveram uma redução significativa dos sintomas após semanas de atividade física.

De acordo com os autores, os veteranos tiveram também maiores níveis de clusterina plasmática após este período. Os resultados desta parte do estudo, todavia, ainda devem ser publicados.

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