Radiotelescópios revelam cemitério ‘invisível’ de supernovas

Felipe Miranda
Imagem: R. Kothes (NRC) and the PEGASUS

Modelos sobre o universo mostram que deve haver muito mais cemitérios de supernovas do que observamos pelo espaço e realmente conhecemos. No entanto, agora, imagens feitas por radiotelescópios mostrara, que esses cemitérios não estão tão escondidos assim. Eles estão por aí à nossa vista, mas não estão tão visíveis assim. Esta foi a melhor imagem de remanescente de supernovas em todos os tempos.

Esses remanescentes da supernovas são, basicamente, compostos por gás e poeira. Além disso, essas nuvens estão sempre em expansão.

“Esta nova imagem mostra uma região da Via Láctea, visível apenas para radiotelescópios, onde podemos ver a emissão prolongada associada ao gás hidrogênio preenchendo o espaço entre estrelas moribundas, relacionadas ao nascimento de novas estrelas, e bolhas quentes de gás chamadas restos de supernovas”, disse em um comunicado o professor Andrew Hopkins, cientista-chefe do Projeto UEM, da Universidade Macquarie. “Mais de vinte novos possíveis remanescentes de supernovas foram descobertos como resultado da combinação dessas imagens, onde apenas sete eram previamente conhecidas”.

A pesquisa que chegou a essa imagem foi liderada por pesquisadores da Universidade Macquarie e do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (INAF). A imagem é extremamente detalhada e nos ajuda a responder perguntas importantíssimas sobre as estrelas presentes na Via Láctea e, possivelmente, em todo o universo.

A pesquisa só foi possível, no entanto, pela união de dois grandes projetos de astronomia. Os pesquisadores utilizaram imagens dos radiotelescópios ASKAP e Parkes para levantar as imagens. Eles fazem parte dos levantamentos levantamentos PEGASUS e EMU (Mapa Evolutivo do Universo, na sigla em português) do espaço. Ambos telescópios, ASKAP e Parkes, são de propriedade e operados pela CSIRO, a agência nacional de ciência da Austrália.

Both images
A imagem dos dois telescópios lado a lado. ASKAP à esquerda de Pegasus à direita. Imagem: ASKAP: R. Kothes (NRC) and the EMU and POSSUM teams & Parkes: E. Carretti (INAF) and the PEGASUS team

“Quando Roland combinou o mapa PEGASUS com o das observações da EMU e do POSSUM, o resultado foi maravilhoso; quando abrimos a imagem pela primeira vez, ficamos impressionados com tamanha qualidade e beleza”, disse Ettore Carretti, líder do projeto PEGASUS, do INAF.

Os pesquisadores estavam tentando identificar mais sobre a morte das estrelas. Quando fica velha, dependendo de sua massa, a estrela possui diversas formas diferentes de morrer – uma delas são as supernovas, que ocorrem quando uma estrela incha até explodir, no final de sua vida.

“O PEGASUS capturou uma grande região do plano galáctico da nossa galáxia cheia de restos de supernovas, regiões de hidrogênio ionizante e nebulosas planetárias, que, graças à combinação de dados dos telescópios ASKAP e Parkes, podem ser estudadas com precisão e exatidão extremamente altas”, disse Carretti.

Conforme citado anteriormente, os modelos teóricos do universo mostram que deve haver muito mais cemitérios estelares pelos espaço do que costumamos observar. Esse novo projeto trouxe uma demonstração de que esses cemitérios ocultos devem realmente existir. Em uma pequena área que equivale a cerca de 1% da Via Láctea, os pesquisadores descobriram 20 novos possíveis remanescentes de Supernovas.

A imagem, então, abriu precedentes para que futuramente novas buscas encontrem ainda mais remanescentes de supernovas pelo universo. A imagem extremamente clara mostra a qualidade que podemos alcançar nessas análises ainda com a tecnologia atual.

“Os eventuais resultados serão uma visão sem precedentes de quase toda a Via Láctea, cerca de cem vezes maior do que esta imagem inicial, mas alcançando o mesmo nível de detalhe e sensibilidade”, explica Hopkins.

Ainda temos muito o que descobrir, no entanto. Segundo os pesquisadores, para que os modelos teóricos estejam de acordo com a realidade, precisamos encontrar cinco vezes mais remanescentes de mortes das estrelas do que normalmente detectamos.

“Estima-se que possa haver cerca de 1500 remanescentes de supernovas na galáxia que os astrônomos ainda não descobriram. Encontrar os restos desaparecidos nos ajudará a desbloquear mais uma compreensão de nossa galáxia e sua história”, relata o professor.

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