Pulmões humanos se regeneram ao serem anexados em porcos

Erik Behenck
A imagem mostra um pulmão em três estágios: inicial, após 12 horas e após 24 horas.

A doação de órgãos ainda não é algo constante, seja no Brasil ou nos outros países do mundo. As doenças pulmonares, por exemplo, causam sérios problemas para diversos pacientes. Agora, um trabalho mostrou que pulmões humanos se regeneram ao serem anexados em porcos.

Essa condição pode resolver um sério déficit, não só pelo baixo número de doadores, mas também porque os pulmões costumam ser órgãos bastante danificados. Então, um pulmão prejudicado foi recuperado e voltou a funcionar perfeitamente.

Pulmões humanos se regeneram com a ajuda de porcos

O estudo foi realizado com o compartilhamento de um sistema circulatório com o de um porco vivo. Assim, o pulmão pode aproveitar os mecanismos de auto reparo do corpo, para buscar a restauração.

“É o fornecimento de mecanismos intrínsecos de reparo biológico por longos períodos de tempo que nos permitiram recuperar pulmões gravemente danificados que não podem ser salvos”, afirmam os principais pesquisadores,  cirurgião Ahmed Hozain e engenheiro biomédico John O’Neill, da Universidade da Columbia, nos Estados Unidos.

O sistema é semelhante a uma técnica de restauração pulmonar conhecida como ex vivo, onde o pulmão é colocado em uma cúpula estéril conectada a um ventilador, a bombas e filtros. Assim, é mantida a mesma temperatura do que a do corpo humano, sendo mantido com uma substância sem sangue, mas com oxigênio, nutrientes e proteínas.

Essa técnica já ajudou a salvar muitas vidas, fazendo com que pulmões de doadores estáveis aguentassem mais tempo. Ainda assim, é uma janela pequena, sendo que os pulmões sobrevivem por no máximo 8h, o que pode dificultar os reparos.

Quando anexados em porcos, os pulmões aguentam mais tempo

O’Neil conduziu o desenvolvimento da plataforma de circulação cruzada xenogênica, entre espécies. Em 2019, a engenheira biomédica Gordana Vunjak-Novakovic, da Universidade de Columbia e o cirurgião Matthew Bacchetta, do Instituto Vanderbilt Lung, desenvolveram uma pesquisa onde restauravam pulmões danificados, ao serem anexados em porcos.

A equipe já conseguiu fazer com que a plataforma aguente quatro dias. Além disso, já conseguiram recuperar cinco pulmões humanos danificados, incluindo um gravemente ferido, esse que não foi possível recuperar por meio da técnica ex vivo. O estudo foi publicado na Nature Medicine.

A pesquisa foi desenvolvida com pulmões rejeitados para transplante

O estudo foi feito com seis pulmões humanos rejeitados para transplante. Assim, os cinco pulmões do experimento foram conectados por meio de uma cânula jugular a porcos anestesiados, que haviam sido preparados para que o sistema imunológico não atacasse os pulmões. Enquanto isso, o sexto pulmão foi anexado em um porco não imunossuprimido.

Todos eles passaram por 24 horas de circulação cruzada xenogênica, com um controle rigoroso por parte dos pesquisadores. Dessa forma, todos eles apresentaram melhorias significativas em relação às lesões, menos o sexto pulmão.

O problema é que os porcos poderiam compartilhar doenças, caso esses pulmões fossem transplantados para humanos. Por isso, qualquer uso clínico exigira animais de nível médico, o que não custaria barato.

Com informações de ScienceAlert e Nature Medicine.

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