Agricultora mostra que progresso e preservação ambiental podem andar juntos

Daniela Marinho
Imagem: Canva

A ideia de progresso sempre esteve no imaginário do homem; querer prosperar é natural dos humanos. A Revolução Industrial (1760-1840) é o primeiro grande evento que corrobora com tais conclusões. No entanto, ela se mostrou também, em escala global, como um dos fatores mais relevantes no que diz respeito à degradação da natureza. Não à toa, a pauta sobre a preservação ambiental e sua importância para o planeta, para a sobrevivência e para a vida das próximas gerações é assunto recorrente e discutido em diversas esferas da sociedade desde que as consequências passaram a ser sérias e indicam sua característica de irreversível.

Se por um lado, há uma rede extensa que se articula em degradar cada vez mais os recursos naturais, negligenciando regulamentações, por outro lado há pessoas empenhadas que se destacam por fazer um papel importante no lugar em que vivem. Como é o caso da agricultora Veridiana Costacurta, 52 anos, proprietária da fazenda Morro Azul, no município de Jardinópolis, a 17 quilômetros de Ribeirão Preto (SP).

Ao todo, a fazenda possui uma área de 213 hectares, mas 63,3% da propriedade é de área nativa (cerca de 135 hectares). A lei do estado determina que seja preservado do território 20% como reserva legal; a área de preservação da fazendo Morro Azul é três vezes mais.

A história da fazenda Morro Azul é marcada pela preservação ambiental

Veridiana, a agricultora que está à frente da fazenda Morro Azul, sempre acreditou na preservação ambiental, mais do que isso, ela afirma que o progresso pode andar lado a lado da conservação do meio ambiente.

Formada em turismo, a agricultora viu o grande potencial que a fazenda tinha a oferecer. Desse modo, há cinco anos foi montado um plano de ecoturismo na propriedade, abrangendo visitas a três cachoeiras (são quatro no total) e trilhas para os visitantes. Outra área da fazenda é dedicada ao cultivo de cana-de-açúcar.

Desafios

preservacao ambiental1
Plantação de cana-de-açúcar. Imagem: Canva

Embora o objetivo de aliar desenvolvimento a preservação ambiental seja possível, é inegável os desafios que surgem na empreitada. Isso porque cuidar e proteger a reserva legal e as áreas de preservação permanente (APP), bem como as áreas extras como ocorre na fazenda, exige esforços financeiros.

A boa notícia é que há empresas aplicadas e esforçadas nesse mercado que se demonstra cada vez mais promissor economicamente. De acordo com José Augusto Sousa Júnior, fundador e CEO da Mata Nativa Br e engenheiro agrônomo, “o mercado de preservação ambiental vem ganhando força em todo o mundo e o Brasil tem se mostrado preparado […] É o setor do agronegócio se mostrando preparado para produzir de forma sustentável, gerando renda, através dos trabalhos de manutenção e melhoria das áreas ambientais das propriedades rurais.”

Créditos de carbono e PSA

Thaís Costacurta, 27 anos, filha de Veridiana e que compartilha a administração da fazenda com a mãe, diz prestar atenção às potenciais possibilidades de apoio para manter a mata nativa. Para isso, ela tem pensando sobre as chances de rentabilizar a propriedade através da venda de créditos de carbono e PSA – Pagamentos por Serviços Ambientais.

A proposta pode ser vantajosa, visto que o mercado de carbono movimentou globalmente cerca de US$ 2 bilhões no ano passado. Já o PSA, instituído em janeiro de 2021, tem como objetivo levar benefícios ambientais à sociedade por meio da manutenção, recuperação e melhoria de áreas de vegetação florestal. Este último é um mercado ainda em ascensão, mas auspicioso para os produtores rurais.

Dessa forma, mesmo que ainda embrionário, o mercado do PSA, sobretudo no Brasil, deve atrair um capital acima da expectativa. É o que mostra um estudo apresentado pelo Boston Consulting Group, intitulado “Brazil Climate Report 2022: Seizing Brazil’s Climate Potential”, durante o Brazil Climate Summit, em Nova York: o Brasil pode atrair até US$ 3 trilhões em investimentos para meio ambiente até 2050.

Compartilhar