Pesquisadores se preparam para pesquisar os grandes vazios da Pirâmide de Gizé

Letícia Silva Jordão
Imagem: Unsplash

Por quase 4.500 anos, a Grande Pirâmide de Gizé dominou o deserto egípcio, e deixou as pessoas curiosas acerca dos segredos que esconde. Um deles é um enorme vazio de pelo menos 30 metros de comprimento, que percorre a grande galeria, ou corredor descendente da pirâmide.

A descoberta desse espaço foi feita por arqueólogos que estavam trabalhando com três equipes de muógrafos, cientistas que utilizam a técnica da muografia para descobrir espaços grandes e vazios dentro de estruturas

A descoberta foi feita em dezembro de 2015, e hoje os pesquisadores estão se dedicando para descobrir o porquê da existência desse espaço vazio, principalmente devido a sua localização inusitada, pois fica acima das estruturas funerárias anteriormente conhecidas, formando um “monumento dentro de um monumento”.

Muografia lidera as pesquisas

Para descobrir mais sobre o grande espaço vazio dentro da Pirâmide de Gizé, os cientistas da Scan Pyramids se uniram a uma variedade de equipes e organizações científicas, incluindo a Dassault Systèmes, especializada em software de simulação, e a Iconem, especializada em drones arqueológicos. 

Como tecnologia, as equipes estavam utilizando modelagem 3D e termografia infravermelha. Mas, segundo anúncios feitos pela Scan Pyramids, são os muóns que estão oferecendo mais resultados para a pesquisa.

Mas por que múons, exatamente? “Como os raios X, que podem penetrar no corpo e permitir imagens ósseas”, escrevem os autores do estudo, “essas partículas elementares podem manter uma rota quase linear à medida que passam por centenas de metros de rochas antes de se dissolverem ou serem absorvidas”.

Quando os raios cósmicos colidem com átomos e moléculas na alta atmosfera, eles criam túneis de parede que atravessam tudo em seu caminho, exceto quando alguns deles são absorvidos pela matéria.

A densidade dos múons coletados não será homogênea se houver uma cavidade, sugerindo falta de matéria ao longo do caminho do múon. Essa técnica é bem conhecida e foi empregada anteriormente pela mesma equipe na pirâmide romboidal do site de Dahshur.

Principais suspeitas dos grandes vazios da Pirâmide de Gizé

Os arqueólogos do projeto Scan Pyramids não descartam a possibilidade dos espaços vazios serem uma câmara escondida. No entanto, ainda é cedo para dizer. Agora eles estão mais preocupados em como aprender mais sobre essa descoberta, já que a localização dela está totalmente inacessível para o homem.

Para acessar o espaço seria necessário cavar um buraco de acesso, o que poderia causar danos à estrutura. Um pequeno robô, como o projetado por Jean-Baptiste Mouret, membro do Scan Pyramids, poderia explorá-lo cuidadosamente em busca de artefatos.

De qualquer forma, eles acreditam que é bem provável que esse vazio tenha sido criado propositalmente. Na realidade, a possibilidade de um colapso ou fissuras induzidas pelo desgaste foi descartada. Apenas grandes vazios, não pequenos buracos, podem ser detectados usando a abordagem do múon.

Por enquanto, os arqueólogos estão trabalhando com físicos para desenvolver os dispositivos que serão usados ​​para analisar a Grande Pirâmide de Gizé. Eles também estão procurando financiamento para ajudá-los a construí-los. Para escanear a pirâmide e talvez descobrir novos mistérios, dois a três anos de observação devem ser necessários.

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