Para alcançar maiores distâncias, cobras voadoras se contorcem no ar

Wellington Reis

Cada animal possui características únicas que sempre nos surpreendem. A cobra-árvore-do-paraíso é um dos que mais impressionam por fazer parte das cobras voadoras. Ela é o único vertebrado que não tem membros e pode voar.

Um estudo resolveu estudar o mecanismo de voo dessas cobras a fim de usar essa tecnologia em futuras aplicações da robótica.

Como as cobras voadoras voam?

Essa cobra se lança de uma árvore para outra a dezenas de metros de distância, com manobras totalmente calculadas. É o que um estudo publicado na Nature Physics, do professor de engenharia biomédica e mecânica da Virginia Tech, Socha e seus colegas.

Voar pode não ser a palavra mais adequada para o que essas cobras fazem, pois elas são transportadas pelo ar, caindo estrategicamente no seu local de pouso. Contudo, elas não conseguem ganhar altitude como um pássaro, e seus voos duram apenas alguns segundos.

Mesmo que apenas planem pelo ar, é incrível que elas cheguem a velocidades de até 40 quilômetros por hora, aterrissando sem grandes problemas.

A flexibilidade dessa cobra é tamanha que ela, quando pousa, move suas costelas e músculos para estender a largura da parte inferior. Com isso, ela faz com que seu corpo direcione o fluxo de ar, agindo de forma semelhante a uma asa.

Uma tecnologia promissora

O pesquisador Isaac Yeaton, um candidato a doutorado em engenharia mecânica, e seus colegas, colocaram cerca de meia dúzia de cobras voadora por caixa preta de quatro andares no campus de Virginia Tech. Eles formaram uma torre alta com eles, como se fosse um galho de lançamento, e uma torre mais baixa como local de pouso, pois seu objetivo era deixar as cobras voarem.

Eles descobriram, através da análise de suas filmagens, que a extremidade traseira da cobra se movia para cima e para baixo verticalmente ao longo do que eles chamavam de eixo dorsoventral, aumentando sua estabilidade para cima e para baixo ou de inclinação. “Outros animais ondulam para propulsão”, disse Yeaton. “Mostramos que as cobras voadoras ondulam em busca de estabilidade.”

O estudo pode ter, segundo os pesquisadores, impacto na robótica, principalmente em casos de busca e salvamento, pois as fitas enroladas são boas para entrar em espaços apertados, como os escombros de um terremoto. E eles poderiam voar de um local de resgate para outro.

Eles esperam um dia ver robôs de busca e salvamento baseados na tecnologia das cobras, trazendo mais segurança para resgatas vítimas.

De toda forma, só podemos esperar mais estudos sobre esse complexo mecanismo da cobra-árvore-do-paraíso.

Com informações de The New York Times.

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