ONU confirma temperatura mais alta já registrada no Ártico

Mateus Marchetto
Permafrost Ártico Imagem: Pixabay

A Organização das Nações Unidas (ONU) acaba de confirmar o registro da temperatura mais alta do Ártico da história recente. De acordo com o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura de 38°C é a maior do registro (que começa em 1885).

A cidade de Verkhoyansk, na Rússia siberiana, é onde pesquisadores vem registrando, no último século, as temperaturas do Ártico, ano a ano. A medição de 38°C aconteceu no dia 20 de junho de 2020 e agora a organização acaba de confirmar o registro, estabelecendo-o como o mais quente – um fato extremamente alarmante, de acordo com especialistas.

“Este novo recorde do Ártico é uma de uma série de observações relatadas ao Arquivo de Extremos de Tempo e Clima da OMM que toca os sinos de alarme sobre nosso clima mudando. Em 2020, houve também um novo recorde de temperatura (18,3°C) para o continente Antártico,” afirma o Secretário Geral da OMM, Petteri Taalas.

De acordo com a declaração da OMM, ainda, a onda de calor que aconteceu em 2020 teve uma relação direta com as queimadas e derretimento de geleiras ao redor do planeta. Isso coloca, inclusive, o ano de 2020 como um dos três mais quentes em registro.

O papel das queimadas na temperatura mais alta do Ártico

Apesar das cenas devastadoras da Amazônia e do Pantanal em chamas, o Brasil não é a única região do planeta a ter queimadas do tipo, majoritariamente induzidas por atividade humana. Em 2021, queimadas na Sibéria destruíram mais de 46 milhões de acres de florestas essenciais para o mantimento da temperatura no planeta.

As florestas do Ártico, em especial aquelas que recobrem o Permafrost, são essenciais para que o carbono armazenado no solo não acabe sendo liberado na atmosfera na forma de gases estufa. Ou seja, as queimadas em si já transformam a matéria orgânica em gás carbônico (e outros gases), além de causarem o derretimento do solo e a escapada de mais carbono para o céu.

Ainda de acordo com o relatório, a OMM está buscando verificar a possível temperatura mais alta do local mais quente do planeta, o Death Valley, também em 2020.

Segundo especialistas, temperaturas tão altas seriam impossíveis sem a influência da atividade humana, o que aumenta ainda mais o alerta sobre os resultados.

“Verificar registros deste tipo é importante para ter-se uma base de evidências confiável, assim como para saber como os extremos mais extremos do nosso clima estão mudando,” afirma Blair Trewin, membro do comitê de avaliação do Australia’s Bureau of Meteorology

O relatório está disponível no site oficial da OMM.

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