Cientistas descobriram 12 naufrágios incríveis no Mediterrâneo Oriental

Milena Elísios
Uma âncora de ferro de quatro metros nos arcos do comerciante otomano perdeu em 1630, encontrada junto de outros 11 naufrágios. (Imagem: Enigma Recoveries)

Um grupo de arqueólogos britânicos encontrou 12 naufrágios no Mediterrâneo. Os antigos navios estavam carregados de centenas de artefatos como porcelanas chinesas, jarros, cafeteiras, grãos de pimenta e cachimbos ilegais. 

Uma expedição liderada pela Enigma Recoveries, encontrou um aglomerado de 12 navios no fundo do mar. O naufrágio estava há 1,9 km abaixo da superfície do Mar Mediterrâneo Ocidental. Os pesquisadores exploraram os naufrágios e coletaram artefatos usando robôs sofisticados.

Os 12 naufrágios revelam antiga rota comercial

Segundo a equipe de pesquisa, os navios revelam uma rota comercial da China para a Pérsia, Mar Vermelho e Mediterrâneo Oriental para alimentos e porcelana em antigas ‘rotas de navegação’, que serviam comércios de especiarias e seda dos impérios grego, romano e otomano, a partir de 300 AEC.

Os antigos naufrágios estão cheios de centenas de artefatos como porcelana chinesa, jarros, cafeteiras, grãos de pimenta e cachimbos ilegais. (Imagem: Enigma Recoveries)
Os antigos naufrágios estão cheios de centenas de artefatos como porcelana chinesa, jarros, cafeteiras, grãos de pimenta e cachimbos ilegais. (Imagem: Enigma Recoveries)

Alguns dos navios antigos são os maiores já encontrados no Mediterrâneo. Eles foram desenterrados em uma parte lamacenta do fundo do mar oriental entre Chipre e Líbano.

“Impossível ficar melhor do que isto”, disse Sean Kingsley, arqueólogo do Projecto Enigma Shipwreck Project (ESP), à BBC Radio 4.

“Para um arqueólogo, isso é o equivalente a encontrar um novo planeta.”, ele completou.

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Segundo Kingsley, dentro dos navios eles encontraram a mais antiga porcelana chinesa, pertencente à Dinastia Ming. Essas são peças raras, muito difíceis de encontrar, e elas estão em ótimo estado.

“Em comparação com o Mediterrâneo ocidental, onde se tem estas maravilhosas pilhas de ânforas, não se consegue isso no Mediterrâneo oriental, porque muitos dos destroços estão escondidos debaixo da lama”, disse o pesquisador.

A descoberta destes naufrágios revelou uma “estrada” marítima de seda e especiarias anteriormente desconhecida que liga a China à Pérsia, ao Mar Vermelho e ao Mediterrâneo oriental.

O grande Colosso

Um dos naufrágios é um colossal navio mercante otomano do século XVII. Com de 42 metros de comprimento, ele é suficientemente grande para caber dois navios de dimensões normais no seu convés. O navio não somentes é um dos maiores já encontrados no Mediterrâneo Oriental, como também trazia um tesouro artefatos. Nele traz mercadorias de 14 culturas e civilizações diferentes.

Uma enorme âncora de ferro de 8 metros nos arcos do colosso otomano perdeu por volta de 1630, cercada por frascos de armazenamento de cor verde. (Imagem: Enigma Recoveries)
Uma enorme âncora de ferro de 8 metros nos arcos do colosso otomano perdeu por volta de 1630, cercada por frascos de armazenamento de cor verde. (Imagem: Enigma Recoveries)

Chamado de colosso, acredita-se que o navio afundou em 1630, enquanto navegava entre o Egito e Istambul, é uma cápsula do tempo.

Um tesouro em artefatos

O grande colosso estava carregado com as primeiras porcelanas chinesas recuperados de um naufrágio mediterrânico, jarras pintadas na Itália, 12 cafeteiras e pimentões.

“As 12 cafeteiras de cobre, muito provavelmente foram feitas no Egito ou na Turquia”, disse Kingsley ao MailOnline.

“Elas são cafeteiras são de tradição otomana – e é muito provável que fossem propriedade pessoal dos membros da tripulação, porque cada uma tem uma forma e um estilo diferentes”, afirmou.

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As cafeteiras encontradas nos naufrágios são de tradição otomana - e é muito provável que fossem propriedade pessoal dos membros da tripulação, porque cada uma tem uma forma e um estilo diferentes. (Imagem: Enigma Recoveries)
As cafeteiras encontradas nos naufrágios são de tradição otomana. (Imagem: Enigma Recoveries)

Já a porcelana chinesa a bordo do navio do século XVII compreende a 360 xícaras decoradas, pratos e uma garrafa feita durante o reinado de Chongzhen de 1627 a 1644, utilizada para beber chá.

Nafrágios
O enorme navio esta carregado com as primeiras porcelanas chinesas recuperados de um naufrágio mediterrânico, jarras pintadas na Itália, 12 cafeteiras e pimentões.

Além disso, os destroços continham também os primeiros cachimbos de tabaco de barro otomano já encontrados, que eram provavelmente ilícitos devido às regras contra o tabagismo daquela época.

A equipe utilizou um veículo robótico para procurar e carregar cuidadosamente os artefatos nas profundezas do fundo do mar e encontrar os tesouros entre a lama.

A equipe usou um veículo robótico para arar cuidadosamente as profundezas do fundo do mar e encontrar os tesouros dos naufrágios entre a lama.
A equipe usou um veículo robótico para arar cuidadosamente as profundezas do fundo do mar e encontrar os tesouros dos naufrágios entre a lama. (Imagem: Enigma Recoveries)
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