Deficiência de vitamina D aumenta suas chances de pegar COVID-19

Amanda dos Santos
Lazer no Parque do Ibirapuera após a flexibilização do isolamento social durante a pandemia de covid-19. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

A deficiência de vitamina D como um fator de risco para a Covid-19 seria uma notícia maravilhosa, já que a luz solar é gratuita e os suplementos de vitamina D são baratos e amplamente disponíveis.

Um novo estudo oferece provavelmente a melhor evidência de que as pessoas com deficiência de vitamina D têm maior probabilidade de se infectar, embora ainda não seja tão conclusivo quanto os cientistas gostariam.

Deficiência de vitamina D

A pandemia atingiu de forma desproporcional as pessoas ao redor do mundo. Dados divulgados de diversos estudos já mostram a relação entre o Coronavírus e diversos fatores que podem ou não agravar a doença.

Portanto, esses padrões que já conhecemos e o momento das infecções em latitudes altas também poderiam ser explicados se a deficiência de vitamina D for um risco.

Algumas teorias sobre como o SARS-CoV-2 reage dentro do corpo aumentam a credibilidade à ideia.

Para testar a hipótese, o professor David Meltzer, da University of Chicago, obteve os registros de pacientes testados para Covid-19 e que tiveram seus níveis de vitamina D medidos durante o ano anterior.

Meltzer relatou ao JAMA Open Network que 21,6% dos deficientes testaram positivo para Covid. E 12,2% estavam com o nível de vitamina D na faixa saudável.

Mesmo com a amostra de apenas 489 pacientes, a diferença foi grande o suficiente para ser estatisticamente significativa.

Estudos ainda vulneráveis

máscara
(Imagem: Pixabay)

Porém os testes foram feitos em momentos diferentes. Então, os níveis de vitaminas dos participantes podem ter alterações desde o ponto de exposição.

Também é possível que a deficiência de vitamina D seja um substituto para problemas subjacentes que já causam maior vulnerabilidade.

Então, o estudo não pode confirmar a ligação por conta própria dessas evidências.

As chances de obter algo mais definitivo podem ser baixas. É muito difícil conduzir eticamente um ensaio clínico randomizado – o padrão ouro para testes médicos – em um caso como este.

Fazer esses ensaios significaria não tratar algumas pessoas para uma deficiência que, Covid-19 à parte, é associada a uma ampla gama de efeitos negativos.

Os testes que estão em andamento para a suplementação de vitamina D para pessoas que já pegaram o coronavírus ainda não relataram descobertas.

Antes mesmo do trabalho de Meltzer com este estudo, muitos especialistas em saúde recomendavam tomar vitamina D para proteção do coronavírus.

Uma revisão no Lancet citou Rose Anne Terry, do Trinity College Dublin. Ela diz que não devemos esperar termos evidências de ensaios clínicos randomizados nesse contexto de crise.

Sabemos que a vitamina D é importante para a função musculoesquelética, então as pessoas deveriam tomá-la de qualquer maneira.

No entanto, aceitar essa conexão provável e manter os níveis ideais de vitamina não substituem os cuidados ao se expor ao vírus com máscara ou manter a distância física, alertam os especialistas.

 

 

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