As vítimas dos sacrifícios maias eram esfoladas vivas

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Sacrifício maia. (Efraimstochter / Domínio Público.)

Cientistas no México têm estudado o esmalte dos dentes dos crânios das vítimas do sacrifícios maias, de 1.000 anos de idade, a partir das profundezas sombrias de um cenote sagrado (Cavidades naturais utilizadas em alguns rituais de sacrifícios da civilização maia).

O novo estudo foi publicado em julho, no American Journal of Physical Anthropology Magazine, pelo Dr. T. Douglas Price e seu time de pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, que “analisaram isotopicamente” o esmalte dental para estabelecer que as vítimas do sacrifício tinham vindo de “todo o México e muito além” e determinar que a rede sagrada dos maias cobria milhares de quilômetros quadrados.

Um relatório na seção de ciência da The Economist detalha que o buraco de calcário de 60 metros de largura em Chichén Itzá, na Península de Yucatán, é bem conhecido pelo sacrifício humano. Este buraco natural foi “drenado no começo do século XX, revelando jade, cobre, ouro, têxteis, cerâmica, armas, outros objetos domésticos, e os ossos de mais de 200 homens, mulheres e crianças que haviam sido oferecidos pelos ocupantes maias pós-clássicos da influente cidade”.

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O Cenote Sagrado em Chichen Itza, local de muitos sacrifícios maias. (Anagoria / CC BY-SA 3.0)
Passagens para o Submundo

Sagrados cenotes enchem toda a península mexicana de Yucatán e, segundo um artigo do Mechicanist, os maias acreditavam que os humanos, juntamente com serpentes, sapos e lagartos, foram formados nas cavernas mais profundas, e fazer oferendas em cenotes poderia ter sido uma forma de completar simbolicamente o ciclo da vida. Entre 600 e 900 d.C., os habitantes maias de Chichén Itzá acreditavam que seu cenote era “uma porta de entrada para o submundo” e por isso o encheram com preciosas ofertas aos deuses, incluindo sacrifícios humanos.

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Os esqueletos humanos e tesouros encontrados no Cenote Sagrado estão em exposição no Museu Peabody da Universidade de Harvard e no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. E dos 200 indivíduos analisados neste novo estudo, metade dos ossos eram de crianças (menores de 18 anos), na maioria com idade entre quatro e seis anos; mais da metade eram do sexo masculino e os crânios apresentavam graus variados de mutilação.

Violência na borda do cenote

Evidências de desarticulação foram encontradas, o que significa que alguém havia separado os ossos dessas pessoas através de suas articulações. Além disso, a meteorização desses ossos informou aos cientistas que os cadáveres desfigurados foram “exibidos publicamente”.

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A história do sacrifício de maias. A figura no canto superior direito mostra o corpo decapitado. A cabeça cortada é mostrada no canto inferior esquerdo com o sangue ainda jorrando do pescoço. (Shubert Ciencia / CC BY-SA 2.0 )

Provavelmente a mais horrível causa de morte, de algumas das vítimas tinham sido “o esfolamento”. Além disso, buracos foram descobertos de ambos os lados de alguns dos crânios que que provavelmente tinham sido criados por uma ferramenta percussiva. Pensa-se que estes crânios tinham sido abertos com algum tipo de aparelho para exibi-los, mas ainda não está claro se os crânios foram vistos como troféus de guerra, avisos aos povos invasores, ou sacrifícios a um deus em particular.

Você seria voluntário?

Até agora, muitos arqueólogos propõem que as vítimas de sacrifícios maias fossem escolhidas da população local de Chichén Itzá, mas outros afirmam que não era uma boa economia acabar com muitos de seus próprios jovens, então os maias, de acordo com o novo estudo, talvez tenham encontrado suas ofertas sacrificiais humanas depois das guerras, usando guerreiros capturados para apaziguar seus deuses.

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Sacrifício humano maia ante Tohil, divindade maia. (Rivera / Domínio Público)

Em conclusão, o Dr. Price e sua equipe de pesquisa encontraram “três principais locais discerníveis” de onde as pessoas sacrificadas se originaram: “Copan ou Honduras Ocidental, Cholula ou Tula das Terras Altas Centrais no México, do outro lado da Península de Yucatán”. O que este estudo essencialmente propõe é que a influência do maia pós-clássico foi “intracontinental”, atingindo muito mais e mais ampla em toda a Mesoamérica do que se acreditava anteriormente.

Por Ashley Cowie, esse artigo foi publicado originalmente em Ancient Origins.

Você pode ler o artigo original aqui.

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