Mães com ovários policísticos tem maiores chances de ter filhos com autismo

Ruth Rodrigues
Fonte: Pixabay

Tentando descobrir um pouco mais acerca do autismo e sua origem, um grupo de pesquisadores da Autism Research Center da Universidade de Cambridge, realizaram um estudo envolvendo mães com ovários policísticos. A pesquisa publicada revelou que existe uma maior probabilidade das mulheres com essa síndrome, gerarem filhos com autismo.

O autismo e sua possível origem

De acordo com a análise de dados do NHS, a síndrome do ovário policístico (SOP) é causada por uma elevação nos níveis de hormônio testosterona. Estima-se que 1 a cada 10 mulheres, são afetadas com essa alteração hormonal. Esse distúrbio pode causar excesso de pelos, acne e ciclo menstrual irregular.

Mães com ovários policísticos

Em geral, as crianças acometidas com o autismo possuem uma grande dificuldade de interação social. Algumas demonstram certo atraso na linguagem, e muitas possuem hipersensibilidade sensorial. A condição atinge cerca de 1% da população, e mesmo seus sintomas aparecendo na infância, o diagnóstico costuma ser tardio.

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Em 2015, foi descoberto que antes do seu nascimento, as crianças autistas possuíam níveis altos de hormônios ‘esteroides sexuais’ (incluindo testosterona) que ‘masculinizam’ o corpo e o seu cérebro.

A hipótese mais cabível para esse alto índice de hormônios esteroides sexuais, seja proveniente das mães com ovários policísticos. As mulheres com SOP possuem altos níveis de testosterona e que durante a gravidez, poderiam atravessar a placenta, entrar em contato com o feto e mudando o seu desenvolvimento.

Estudo envolvendo mães com ovários policísticos

Para essa pesquisa, os cientistas contaram com um banco de dados contendo um bom número de pacientes. Foram analisadas 8.588 mulheres com a síndrome dos ovários policísticos e seus primogênitos, e um grupo de 41.127 mulheres sem a doença. Mesmo que houvesse complicações durante a gravidez, as mulheres com SOP possuem 2,3% de chance de ter filho autista, em relação aos 1,7% de chance, para as mães sem SOP.

Portanto, mesmo com as baixas probabilidades de uma criança nascer autista, ela será maior em mulheres acometidas pela síndrome. Esse estudo foi apresentado no International Meeting for Autism Research em 2016, no qual tornou-se um pioneiro e incentivou que mais pesquisas fossem realizadas nesse eixo temático.

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Para o Dr. Rupert Payne, do Centro de Atenção Básica Acadêmica da Universidade de Bristol, “o autismo pode ter um impacto significativo no bem-estar de uma pessoa e seus pais. Muitas pessoas autistas têm necessidades especiais de saúde, assistência social e educacionais significativas. Esta é uma etapa importante na tentativa de entender o que causa o autismo. É também um excelente exemplo do valor de usar dados anônimos de saúde de rotina para responder a questões vitais de pesquisa médica”.

Dessa forma, essa nova hipótese levantada pelos pesquisadores, poderá servir como um ponta pé inicial na compreensão do autismo. Caso essa evidência prove ser o real motivo, o ideal seria que as mães com ovários policísticos, passassem a ter um maior acompanhamento no período da gravidez.

Com informações da Universidade de Cambridge e artigo publicado na revista Translational Psychiatry.

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