As populações globais de vida selvagem caíram quase 70% desde 1970

Amanda dos Santos
As populações de animais selvagens do mundo caíram em média 68% em pouco mais de quatro décadas. (imagem de domínio público)

A conclusão do último relatório do WWF Living Planet, divulgado na quarta-feira, é alarmante. O consumo humano está por trás do declínio devastador que está ocorrendo nas populações de vida selvagem do mundo.

O relatório Living Planet 2020 avaliou o declínio populacional visto em mais de 4.392 espécies monitoradas. São mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios monitorados de 1970 a 2016.

Declínio da população de vida selvagem

O estado da vida selvagem visto em nosso planeta nas últimas décadas não foram vistos por milhões de anos, diz o relatório.

Declínio da população de vida selvagem
(Imagem: Pixabay)

O relatório de 2018 já havia descoberto que as populações globais de vertebrados diminuíram em tamanho em 60% até 2014. Este novo relatório, olhando para esse mesmo declínio descobriu que o número saltou para 68% entre 1970 e 2016.

As regiões da América Latina e Caribe são as mais afetadas do mundo, com uma queda média de 94%.

Os principais impulsionadores dessa queda são:

  • conversão de pastagens, savanas, florestas e habitats de pântanos;
  • superexploração da vida selvagem;
  • introdução de espécies não nativas;
  • mudanças climáticas.

O consumo humano está por trás disso

incêndio

Continuamente, os humanos alteraram significativamente 75% da superfície da terra sem gelo do planeta, dizem os autores.

Ainda de acordo com o WWF, a destruição do ecossistema agora ameaça cerca de 1 milhão de espécies (500.000 animais e plantas e 500.000 insetos) de extinção nas próximas décadas e séculos.

Especialistas dizem que a biodiversidade de água doce está diminuindo mais rapidamente, com dados de que 85% das áreas úmidas foram perdidas desde a Revolução Industrial.

As populações de mamíferos de água doce, aves, anfíbios, répteis e peixes que foram monitorados caíram em média 4% ao ano desde 1970, constatou o relatório.

Tanto que a cientista-chefe do WWF, Rebecca Shaw, explica que “o declínio mais dramático foi na água doce”.

Ainda assim, disse ela, estamos vendo declínios muito distintos nos ecossistemas de água doce, em grande parte por causa da forma como represamos os rios e também por causa do uso de recursos de água doce para a produção de alimentos para uma população crescente no mundo todo.

Então, o consumo humano é o principal motor do declínio dessa população.

VEJA TAMBÉM: 75% dos incêndios florestais são provocados por ações humanas

Shaw também explicou que frequentemente nos concentramos em espécies em apuros ou à beira da extinção, mas quando a espécie chega nesse estágio, ela não está mais cumprindo a sua função ecológica.

Ou seja, o principal motor desse declínio das espécies é a destruição do habitat que vem da agricultura e da expansão da produção agrícola para produzir alimentos, disse Shaw à CNN.

A destruição do habitat aumenta o risco de pandemias

A vida selvagem está em declínio devido a atividade humana
(Imagem: Foto de Magda Ehlers / Pexels

Os cientitas também alertaram que a destruição do nosso planeta, por nossa conta e risco, expande a humanidade por lugares antes selvagens e devasta populações de espécies.

Logo, exacerba as mudanças climáticas e aumenta o risco de doenças zoonóticas como a Covid-19, disse o presidente e CEO Carter Roberts, do WWF-US, em um comunicado.

Shaw alerta que estamos desmatando e fragmentando as florestas tropicais para a caça ilegal de seus animais. Então, convertemos a terra para o cultivo alimentar e a crescente demanda por alimentos.

Com isso, estamos também nos expondo a uma gama estonteante de novas doenças.

Informações de IFL Science e CNN.

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