Cientistas dirigem micro robô no cólon de um animal pela primeira vez

Matheus Gouveia
(Purdue University)

Pela primeira vez, os cientistas conseguiram operar um micro robô minúsculo dentro do cólon de um animal. E essa inovação promete ter grande aplicação médica no futuro.

Robô testado dentro de um animal

O minúsculo robô usa um ímã para que possa ser pilotado de fora do corpo com um campo eletromagnético. Além disso, ele não possui bateria, sendo alimentado pelo próprio campo magnético. Por enquanto, esse robô foi apenas um teste, mas no futuro isso poderá ter muita utilidade.

“Quando aplicamos um campo magnético externo rotativo a esses robôs, eles giram (…)”, disse o engenheiro mecânico David Cappelleri, da Purdue University. “O campo magnético também penetra em diversos tipos de meios, o que é importante para o uso desses robôs no corpo humano”.

Os cientistas testaram o robô em várias condições; em ambientes úmidos ou secos, e em diversas superfícies. A equipe também conseguiu fazer o robô mover em qualquer direção. Eles monitoraram o dispositivo dentro do animal por meio de imagens de ultrassom.

LEIA TAMBÉM: Nanobots conectarão o cérebro humano com a nuvem

Os pesquisadores usaram ratos sob anestesia como cobaias, escolhendo o cólon por ter fácil entrada. O mini aparelho enfrentou um desafio para se manter no local, devido à atividade do órgão, mas tudo acabou dando certo. Depois de fazer seu trabalho, o micro robô saiu então do corpo junto com os resíduos do cólon. Após a experiência, os cientistas não notaram nenhum dano mais severo ao tecido do bot, felizmente.

tumbling in vivo
(Purdue University video/Elizabeth Niedert and Chenghao Bi)

Perspectivas para tratamentos futuros

A equipe testou a capacidade do dispositivo de entregar substâncias. A esperança, portanto, é que no futuro aparelhos similares possam administrar remédios e drogas no interior do corpo para tratamentos, de maneira mais precisa.

Por exemplo: se o paciente tem um tumor maligno, os micro robôs podem levar drogas quimioterápicas diretamente para as células cancerígenas. Isso poderia substituir tratamentos como quimioterapia, nos quais as drogas circulam por todo o corpo do paciente e provocam efeitos colaterais, muitas vezes tão negativos quanto os próprios sintomas da doença. Outra possibilidade é que os microrrobôs possam evitar a necessidade de procedimentos como colonoscopias, por exemplo.

Mas o caminho ainda é longo para a utilidade em humanos. Por enquanto, esses micro robôs serão testados apenas em animais.

A ciência está dando grandes passos na direção dessa tecnologia. Em 2017, uma equipe de pesquisadores chineses e ingleses conseguiu criar robôs de escala nanométrica capazes de navegar por fluidos do corpo humano. Também guiados por meio de campos magnéticos, poderiam ser orientados então para administrar remédios em locais específicos do corpo.

LEIA TAMBÉM: Exército de ‘microrrobôs’ pode acabar com a placa dentária

Ainda neste ano, pesquisadores criaram robôs menores que a largura de um fio de cabelo, também controlados a distância com um campo magnético. Estes poderiam ser injetados no corpo humano.

Muitos estão explorando novas maneiras de equipar os dispositivos com eletrônicos mais complexos e usando computação integrada. Assim, essas melhorias poderiam, quem sabe um dia, nos levar a redes de robôs microscópicos dentro dos vasos sanguíneos ou até inseridos no nosso cérebro.

Compartilhar