Fusão nuclear poderá nos levar à lua Titã em menos de 2 anos

Elisson Amboni
Imagem: Getty Images

Prepare-se para uma surpresa intergaláctica. Parece que nossos sonhos espaciais estão prestes a ter um empurrãozinho extra. Você já imaginou poder visitar a lua de Saturno, Titã, em menos de dois anos? Parece algo saído de um romance de ficção científica, mas cientistas de renome mundial estão trabalhando exatamente nisso.

A aguardada missão Dragonfly da NASA, programada para ser lançada em 2027, tem o objetivo de explorar Titã, uma das raras luas com atmosfera, e um ciclo líquido semelhante ao da Terra. Eles planejam enviar um módulo de pouso móvel com oito rotores para saltitar pela superfície lunar. Porém, esta viagem inovadora levará sete anos. A boa notícia? Existe uma alternativa que promete acelerar essa aventura espacial.

Os cientistas da Princeton Satellite Systems (PSS) e de outras universidades e instituições aeronáuticas propõem uma maneira mais rápida e eficiente: a Unidade de Fusão Direta (DFD). Este conceito revolucionário poderia nos transportar da Terra a Titã em tempo recorde.

Publicado recentemente na revista Acta Astronautica, o artigo descreve como essa unidade movida a fusão, capaz de fornecer propulsão e alimentar a eletrônica a bordo, poderia nos levar a luas distantes como Titã com mais energia e carga. A tecnologia é tão promissora que um estudo de 2021 revelou que um DFD poderia transportar 1.000 kg para Titã em apenas 31 meses.

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Missão Dragonfly da NASA pretende explorar Titã em 2027. A viagem até a lua de Saturno vai levar 7 anos. Imagem: NASA

Agora, você deve estar se perguntando, como funciona a DFD? Bem, a fusão empregada nessa unidade se assemelha à que alimentará os reatores de fusão na Terra. Ela utiliza a mesma física que alimenta nosso Sol e usa hidrogênio, um dos elementos mais abundantes do universo, como combustível. O hidrogênio é ionizado e entra em uma região com um forte campo magnético. Dentro do núcleo do motor ocorre a reação de fusão nuclear e seus produtos aquecem o propelente. Finalmente, o propelente quente se expande, produzindo empuxo.

Esta tecnologia não apenas poderia nos levar a Titã em menos de dois anos, mas também fornecer enormes quantidades de energia. Segundo o artigo, uma espaçonave poderia usar um segundo reator de fusão para criar um “gerador de energia elétrica de circuito fechado”. Isso permitiria expandir significativamente os atuais parâmetros de missão de três anos da Dragonfly.

A energia nuclear já promete ser vital para o futuro da exploração espacial humana. O sistema de Propulsão Térmica Nuclear, um sistema de fissão que poderia transportar carga para Marte em apenas 45 dias, já está na Fase 1 de desenvolvimento como parte do programa Innovative Advanced Concepts da NASA.

Embora a fusão ainda possa ter um caminho a percorrer antes de estar pronta para ser embalada em uma espaçonave da NASA, este avanço é um passo gigantesco na direção certa.

Talvez ainda mais emocionante seja o potencial que a Unidade de Fusão Direta tem para revolucionar não apenas a exploração espacial, mas também a forma como pensamos sobre viagens interplanetárias. Titã, com sua atmosfera discernível e ciclo líquido semelhante ao da Terra, poderia não ser apenas um destino científico, mas um passo em direção à habitação humana em outros planetas.

A tecnologia de fusão direta é uma janela para um futuro onde a exploração espacial é mais rápida, eficiente e acessível. Estamos no limiar de uma nova era da exploração espacial, uma era em que as distâncias antes intransponíveis se tornam acessíveis.

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