Quem iniciou a primeira faísca? Saiba mais sobre a história do fogo

Amanda dos Santos
(Imagem: Pixabay)

A capacidade dos humanos de controlar o fogo está entre os avanços tecnológicos mais importantes para a evolução. Mas, quais dos nossos ancestrais humanos foi capaz de criar o fogo? Esse é um antigo enigma da história do fogo.

Como surgiu o fogo?

O pensamento convencional afirma que nossos ancestrais humanos ganharam o controle do fogo – e a capacidade de criá-lo – muito cedo na pré-história.

De acordo com muitos pesquisadores, essa visão da história do fogo surge da descoberta de um punhado de locais na África com resíduos de fogo de milhões de anos. E foi impulsionado também por uma lógica: é difícil imaginar que nossos ancestrais tenham deixado a África e colonizado latitudes mais altas sem o fogo.

Mas, evidências mais recentes de diversos arqueólogos e antropólogos – como trabalhos de campo publicados no site Sapiens e no site Scientific American – indicam que o uso do fogo pelos hominídeos consistiu em vários estágios de desenvolvimento que podem ter durado centenas de milhares de anos.

Surgimento do fogo
(Imagem: UnifiArt/Pixabay)

Qual a história da origem do fogo?

Sob o mesmo ponto de vista, a suposição é que, durante o primeiro estágio, nossos ancestrais conseguiam interagir de forma segura com o fogo.

Uma pesquisa feita em chimpanzés por Jill Pruetz, primatologista da Universidade Estadual de Iowa, estudou a interação dos chimpanzés com os incêndios florestais na África Ocidental.

Os chimpanzés observavam o progresso do incêndio e, em seguida, buscavam alimentos na área queimada. Eles entendem como o fogo se move pela paisagem e usam esse conhecimento em seu benefício.

Em semelhança, podemos imaginar esse comportamento em pequenos grupos de nossos primeiros ancestrais, talvez os australopitecinos, que viveram de cerca de 4 milhões de anos atrás até cerca de 2 milhões de anos atrás na África Oriental.

Esse primeiro estágio pode ter persistido durante grande parte da pré-história.

O segundo estágio seria o poder das pessoas de controlar o fogo, quando ainda o obtinham de fontes naturais, como os incêndios.

Por exemplo, no famoso local chinês Zhoukoudian, o que originalmente se pensava serem os restos de fogo de Homo erectus de 700.000 anos, acabou por ser sedimentos naturais semelhantes a carvão e cinzas.

Talvez o mais importante seja que os primeiros resíduos de fogo foram encontrados em ambientes ao ar livre – não dentro de cavernas – reforçando que talvez não sejam restos de fogueiras de hominídeos, e sim produzidos por incêndios naturais.

Então, quando nossos ancestrais descobriram como fazer fogo?

 

Esse capítulo na história do fogo permanece uma questão em aberto.

Entre 2000 e 2010, uma equipe de pesquisa, composta por três arqueólogos do Paleolítico e dois geoarqueólogos, escavou dois locais do Paleolítico Médio: Pech de l’Azé IV e Roc de Marsal, na Região de Périgord do sudoeste da França.

Chimpanzés
Os chimpanzés entendem o comportamento do fogo. (Imagem: Jill Pruetz)

São cavernas que foram usadas como acampamento por pequenos grupos de neandertais de 100.000 a 40.000 anos atrás, quando o Homo sapiens, o homem moderno, chegou à Europa.

Nessas cavernas tinham evidências abundantes do uso do fogo, mas não de que esse fogo foi feito por neandertais.

O uso abundante do fogo estava em depósitos mais inferiores, aquelas que repousam sobre o solo rochoso da caverna onde fogueiras individuais foram construídas 100.000 anos atrás. Os indícios são que milhares de ferramentas de pedra foram acidentalmente queimadas por incêndios próximos.

Só que nenhum desses locais mostrou sinais de fogo em suas camadas superiores, em que estavam milhares de ferramentas de pedra e ossos de animais. Se o fogo estivesse presente, esses objetos estariam queimados.

Ficou claro, então, que o fogo quase nunca tinha sido usado nesses locais nos períodos posteriores.

Concluindo, a noção comum sempre acreditou que o fogo foi “descoberto” e já se tornou parte da vida cotidiana. Logo, os neandertais sabiam fazer fogo.

Só que as evidências desses locais questionaram essa noção.

Com informações de Sapiens e Scientific American.

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